sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Coleccionadores

Um dos coleccionadores que mais admiro, no campo musical, é o inglês Colin Larkin.

A sua colecção de publicações dedicadas à música popular, não tem paralelo conhecido, a não ser nos leilões da ebay.

Colin Larkin, vive com a família na região de Suffolk, e colecciona desde 1961, todas as publicações musicais e ainda discos e livros.

A sua colecção particular de discos, atinge as dezenas de milhar e mesmo assim, muito atrás de tipos como Bob Harris que durante anos apresentou na BBC o programa The Old Grey Whistle Test ( con três dvd disponíveis e imprescindíveis para todo o amador de música popular) e John Peel, já falecido e o maior dj inglês de sempre, descobridor de talentos musicais e que animou nos primórdios dos sessenta, a rádio Caroline, pirata e antecessora das emissoras modernas dedicadas à música popular.

Colin guarda 3000 LP´s; 2000 singles em vinil; 30 000 cd´s; 4000 livros sobre a música popular e ainda comics ( não deve ter nada da bd franco-belga…), suplementos dominicais do Observer e do Sunday TImes, apanhando os anos sessenta e setenta e, cerejas reais no topo deste bolo fabuloso: colecções completas ou quase, de todas as publicações dedicadas à música, desde 1961: cerca de 15 000, com títulos míticos como Sounds, Zig-Zag, Disc and Musica Echo, Record Mirror, Beatles Monthly e os mais correntes New Musical Express, Melody Maker e Rolling Stone. Faltam-lhe, claro, as francesinha Rock & Folk e Best e ainda as alemãs PoP e Musikal Express ( o que não é garantido, porque Larkin, começou a escrever sobre música para uma revista alemã...) e também não li nada sobre a Crawdaddy americana, a primeira revista a sair a público, em 1966, sobre a música popular, (não contando como os jornalinhos que já então saíam periodicamente, num e noutro lado do Atlântico, como Billboard e Melody Maker).

Esta colecção de Colin Larkin é o sonho de qualquer amador de música popular e das imagens e textos associados.

Para quem começou a coleccionar em 1969 e apenas a partir dos anos setenta, logrou apanhar nas bancas, em escrita de Shakespeare, umas Rolling Stone, uns Melody Maker e New Musical Express ou um ou outro Disc & Music Echo, a comparação só satisfaz porque garante que existem pessoas ainda mais maníacas do que outras e ainda por cima, sabem cozinhar ao Sábado à noite para a família ( como Larkin afirma). Ou seja, parecem minimanente normais, o que é sumamente tranquilizante.

A caracterísitica típica de coleccionador de Colin Larkin, revela-se quando afirma que anda à procura de um disco de Captain Beefheart, Strictly Personal. Não, o disco, mesmo em LP, não está esgotado ou desaparecido de circulação como outros. O que Colin pretende, no entanto, é mais raro de obter: um exemplar novo, original e de prensagem americana, ainda fechado no envólucro de celofane que os americanos usavam para embalar os LP´s nos anos setenta. Sei como é, porque tenho discos desses ( por exemplo, Doc Watson, Live & Pickin´de 1979 e ainda Doc and the Boys, de 1981, ambos embalados no cartão pardo e pesado da manufactura tipicamente americana e sem comparação com a europeia e ainda cheiroso da celulose, com o envólucro decorado com o logotipo da Liberty records). E alguns, conservam a fina película de celofane, que obrigam a esforço de cuidados redobrados sempre que são manuseados.

Colin Larkin, colabora em publicações musicais e já escreveu livros sobre o assunto. Não admira nada que tenha sido o autor de uma Enciclopédia da música popular, publicada pela Virgin, em 10 suculentos ( 27 000 entradas) e caros volumes ( à volta de mil euros). Parece que vai tornar-se aberta a consulta pública e online, grátis.

Colin Larkin, além do mais, não gosta de ouvir Elvis Presley, apesar de ter escrito um dos maiores artigos sobre o "king", na sua enciclopédia. Também não gosto. Prefiro, Buddy Holly. Well allright.

Quando a revista Record Collector lhe perguntou, no número de Setembro de 2005, qual era o seu disco preferido de todo o sempre, respondeu: If I Could only remember my name, de David Crosby, do ano de 1971. Eu não saberia responder tão rapidamente e é por isso que vou escrevendo estas coisas, para chegar a alguma conclusão acerca do comportamente. Conhece-te a ti mesmo, dizia o outro…














Imagens: revista Record Collector de Setembro 2005

1 comentário:

MARIA disse...

Que curioso. Absolutamente extraordinária a colecção de Colin Larkin. Mas o José, notoriamente , também já tem uma impressionante colecção.
Vou-lhe confessar uma coisa : nunca consegui coleccionar coisa alguma. Chega a ser estranho porque além de um espírito muito curioso, interessado em quase tudo, adoro história e histórias. Perdia-me a ouvi-lo horas sem fim, seguramente.
Quem colecciona é porque foi feliz, eu acho, e guarda consigo essas memórias boas ( mesmo que ainda as tenha más também , como é natural na vida).
Quem não tem memórias muito boas, passa.
Porque cada um desses bocados de papel, os discos, remetem-no seguramente para pedaços de vida...
É tudo muito bonito.
Não gosta de ouvir cantar o Elvis? Foi muito generoso escrevendo sobre ele então. Justo, diria.
Eu, mais ou menos. Mas há temas em que só a voz dele me convence- caso do "love me tender". Gosto muito, não sei bem dizer porquê.
E o José, como o Colin Larker cozinha ? Deixe-me adivinhar...
Não consigo imaginar o que possa saber cozinhar. Também não o imagino numa cozinha.
Eureka, sempre há um tema sobre o qual não conseguiria falar...
Não me leve a mal a graça. Está bem ?...
Um beijinho
Maria