domingo, 29 de janeiro de 2012

Banda desenhada-"livrinhos de cóbóis" e primeiras histórias desenhadas

O filme de Clint Eastwood que agora estreou sobre John Edgar Hoover, trata da biografia do antigo director do FBI durante quase 50 anos ( de 1924 a 1972, altura da morte daquele). Numa das cenas refere-se a propaganda à agência de informação em "comic books".
Não tinha dado atenção a tal facto até agora, mas quando era criança, uma das leituras que preferia era esta revistinha que trazia as "aventuras do FBI", lógica sequência daquelas publicações de origem norte-americana que as agências de revistas de cá traziam à estampa.

Como se pode ver por esta capa de revista de época, a figura de Edgar Hoover fazia mesmo a capa...com o relato de supostas aventuras baseadas em casos reais.

Ainda sobre o filme de Eastwood sobre J.Edgar Hoover, um dos casos relatados que o FBI resolveu através do recurso a métodos de polícia científica, foi o do "bebé Lindbergh". A primeira vez que li algo sobre o assunto, muito falado nos EUA, nos anos 30, foi na revista Selecções do Reader´s Digest, versão brasileira e que por cá se vendia.
Por volta de 1970, comprei esta revista numa banca de revistas usadas nas arcadas do café Arcádia em Braga. Relatava a segunda parte do artigo em que se descrevia o rapto do filho de Charles Lindbergh e a história da descoberta da autoria do crime. Fantástico.


No meio editorial da época ( anos sessenta e setenta) estas revistinhas de "cobóis" eram o must de leitura. A fantasia das historietas desenhadas durou enquanto não descobri o Tintin, o Jornal do Cuto e outras revistas, de expressão francófona, como a Pilote e depois a Métal Hurlant.

Porém, tudo começou com estas historietas dos anos sessenta publicadas ao Domingo, num suplemento ilustrado do Primeiro de Janeiro que se publicava no Porto e o meu pai comprava. O Coração de Julieta ainda não era o item preferido, mas com o tempo passou a ser...

Antes havia o Príncipe Valente e as aventuras dos cavaleiros da távola redonda...no mesmo jornal todos os domingos de manhã, lançado de um combóio em andamento por um "jornalista" que vinha do Porto e arremessava literalmente o jornal do combóio e para o meu pai ler. O jornal era lançado, dobrado várias vezes e de um modo que hoje não sei fazer porque ficava do tamanho de um livro, com as folhas entrançadas. Muitas vezes fui buscar o jornal e desembrulhava o pequeno pacote espesso para tentar ver as imagens porque ainda nem sabia ler. Fantástico outra vez.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Ainda os primeiros discos

Estes seis discos são também dos primeiros que comprei, em 1982 e 1983. São todos de prensagem nacional, com capas graficamente fracas.
O de Stanley Clark, Journey to Love, foi uma surpresa porque conhecia um tema- Silly Putty- mas os restantes são de uma qualidade fora de série e para além do típico jazz-rock. O de James Taylor, Sweet Baby James, igualmente me surpreendeu no som de Steamroller e principalmente Blossom.
O disco ao vivo de Simon and Garfunkel, do concerto no Central Park saiu no início de 1982 e foi dos primeiros discos que comprei porque na altura era um must. O disco está muito bem gravado e é uma espécie de best of do grupo.
O dos ABC, The Lexicon of Love, é uma maravilha sonora que me surpreendeu na época e é dos raros discos dos anos oitenta que me despertaram atenção de novo para a música que se produziu na década. Esse e o dos Scritti Politti, Provision.
Randy Newman com Trouble in paradise, de 1983 surpreendeu-me com o magnífico som de The Blues e I´m different, para além de I love LA que ouvi vezes sem conta.
Tom Waits, neste disco, Small Change, de 1976, soava um pouco diferente do disco que então procurava, Closing Time de 1973, mas convenceu-me então a ouvir repetidas vezes I wish i was in New Orleans.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Os primeiros lp´s

Logo que comprei a Grundig tratei de arranjar e comprar uns discos que lhe fizessem alguma justiça sonora. O primeiro lp que comprei, julgo que terá sido Mirage, dos Fleetwood Mac, saído no Verão de 1982.
A prensagem é portuguesa, da Radio Triunfo e tem um bom som ( ainda não comparei com a versão americana, original, mas tenho o anterior do grupo, um megaseller, em prensagem americana e não noto diferença significativa). Mirage é um disco em que todas as músicas se ouvem muito bem. Em cassete, no carro, era um must.
O som dos Steely Dan, da colectânea Gold, foi outro lp porque era então um dos grupos cuja música ia descobrindo, mesmo sem conhecer todos os lp´s anteriores. E o de Kevin Ayers, That´s what you get babe tornou-se um dos discos mais interessantes de ouvir. J J Cale começou com Shades, de 1981 mas depressa evoluiu para o seguinte Grasshopper, saído em 1982. Ambos com prensagem portuguesa, aliás como o de Kevin Ayers.
Algum tempo depois, esse, mais o dos Cars e ainda o Ry Cooder, Bop Till you drop, sofreram um acidente: um cunhado meu pediu-mos emprestados para gravar ( tinha uma excelente aparelhagem Onkyo, ainda hoje muito boa) e quando mos ia devolver esqueceu-se dos mesmos na mala do carro. Era Verão e os discos sofreram um efeito do calor: entortaram ligeiramente. Com o passar dos anos regressaram mais ou menos a um estado primitivo, com a pressão sofrida. Ainda assim, comprei dois deles em Espanha ( o dos Cars e o de Ry Cooder). A prensagem não é diferente.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Os primeiros cd´s


Os primeiros sons de cd´s que ouvi, eventualmente em 1983 ou já em 1984, foram no Rádio Popular de Vigo que consagrava uma hora ao "som digital", quase diariamente.
Gravei uma cassete ( da marca portuguesa Sonovox, em dióxido de crómio e que ainda funciona muito bem passados estes anos) com esses sons, na aparelhagem Grundig mostrada abaixo: Ry Cooder, do disco Bop Till you drop, publicado em cd logo em 1983; Led Zeppelin e Going to California; Joni Mitchell e Twisted, do disco Court and Spark; Foreigner e Urgent e ainda Boston do primeiro disco.
Nessa altura, também em Vigo, no El Corte Inglès, vi e ouvi pela primeira vez, ao vivo, uma aparelhagem da Sony, com o aparelho de leitura de cd´s. Provavelmente semelhante ao da imagem e que se encontrava num rack fechado, de vidro, quase em redoma.
As colunas de som, essas também eram diferentes, como se mostra neste anúncio da revista High Fidelity de Maio de 1984. A Sony tomava a dianteira no mercado com estes truques de marketing. Numa recente Hi-Fi News, escrevia-se que o aparelho da Philipps de leitura de cd´s, da mesma altura porque o cd foi uma invenção conjunta Sony- Philipps, era tecnicamente superior. Mas o que se vendeu mais foi o Sony. O melhor design era irresistível e as publicidades mostravam-no.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Led Zeppelin e o som recortado de Physical Graffiti

Este disco dos Led Zeppelin, saído nos primeiros meses de 1975 passou pela primeira vez nos meus ouvidos, no rádio do programa Página Um, em Abril de 1975 ( o programa esteve interrompido por causa do PREC, desde meados de Fevereiro desse ano, até 5 de Abril). Nesse mês e seguintes, o disco passou com regularidade diária e a audição de Boogie with Stew, Kashmir, Down by the seaside, In the Light e In my time of dying tornou-o um dos discos que então mais apreciava.
Foi um dos discos que pedi para me gravarem em cassete ( os outros foram Bullinamingvase, de Roy Harper e Sometimes you eat the beer, de Ian Matthews) e ouvia-o num rádio da Grundig ainda em mono e depois no carro de um amigo que tinha leitor de cassetes.
Seja como for, o som que então ouvia marcou-me de tal modo que ainda hoje com a audição do lp em aparelho hi-fi e na presagem alemã, da época ( imagem acima e muito procurada) não consigo retirar o sumo sonoro que então era vertido nessas audições.
O disco tinha sido reportado por Nick Kent ( de quem anda aí uma autobiografia muito interessante-Apathy for the Devil) que tinha uma relação privilegiada de proximidade com os membros do grupo, no jornal semanário inglês New Musical Express que comprei em Dezembro de 1974 ( imagem abaixo) e que trazia uma recensão crítica muito pormenorizada do disco, com a indicação dos tempos de duração das faixas e apreciação do valor de cada uma por um Nick Kent que então já se entregara às drogas, como confessa no seu livro, mas que era incapaz de escrever sob a sua influência. E escrevia bem.
Passados dois meses, na edição de Fevereiro de 75, a revista Rock & Folk publicava a mesma recensão crítica deste disco dos Led Zeppelin que cheguei a ouvir em cassete, no ano seguinte e nos passeios de domingo no carro de um amigo que nos levava para aldeias vizinhas para ver as raparigas que estavam disponíveis ( para namorar, claro, e foi assim que o Luís casou com uma delas). Esse disco e o dos Queen, A night at the opera, também de 1975, era um must desses preâmbulos...quando ainda nem tinha 20 anos.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

As primeiras gravações digitais

Estes três lp´s são aparentemente três dos primeiros discos gravados digitalmente. O primeiro, Bop Till you Drop, de Ry Cooder, é de 1979 e terá sido o primeiro disco a ser gravado em formato totalmente digital, numa máquina da 3M- DDS-in 1377, aqui mostrada e que gravava em 32 pistas.
Serviu para gravar Bop Till You drop e ainda o disco de Donald Fagen, The Nightfly, de 1982 e eventualmente o disco Gaucho de 1980, dos Steely Dan, embora a gravação final seja analógica essencialmente. Os Steely Dan não apreciam o som digital, segundo consta. Mesmo em altas resoluções ( 24/96 ou 192).
A gravação de The Nightfly foi da responsabilidade de um engenheiro de som chamado Roger Nichols, responsável por outras gravações dos Steely Dan e que morreu em Abril de 2011. O disco de Stevie Wonder, Hotter than July, de 1980, tem uma menção expressa a um sistema de gravação digital da Sony a que chama Professional Digital Audio System, com publicidade neste anúncio da revista americana High-Fidelity de 1985.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

1982: a primeira aparelhagem hi-fi

Faz este ano 30 anos que comprei esta aparelhagem da Grundig. Numa altura em que o cd era apenas um projecto que se concretizaria no ano seguinte ( os primeiros cd´s produzidos em massa são já de 1983) o disco lp, de vinil era o meio preferido de audição e gravação em cassete para ouvir no carro ou em modo mais prático, permitindo selecções musicais ao gosto do ouvinte. Fartei-me de fazer compilações em cassete de músicas de lp´s e que ainda guardo, mantendo a qualidade relativa dessas gravações.
A aparelhagem Grundig custou na altura um pouco mais de trinta contos, com colunas que eram adquiridas à parte. Para compensar a qualidade sonora podia sempre arranjar-se uns auscultadores que davam um ambiente sonoro mais intimista e preciso.
O gira-discos acoplado na aparelhagem era da Dual, americana com representação na Alemanha e a cabeça de leitura foi eventualmente trocada por uma Audio-Technica ainda em modo magnético. As moving coil viriam algum tempo mais tarde, em meados da década e com outra aparelhagem.
Ainda assim esta aparelhagem produzida em Portugal, pela Grundig de Braga, era uma novidade apetecida porque era indubitavelmente hifi, respeitando as normas DIN e foi nela que ouvi os primeiros discos a sério e com qualidade sonora já elevada. O gravador de cassetes incluído tinha já sistema de redução de ruído Dolby ( B) e permitia a gravação e leitura em cassetes de dióxido de crómio ou mesmo metal.

O sintonizador de rádio era uma beleza que permitia a gravação de temas avulsos ou discos inteiros quando passavam, o que acontecia cada vez menos depois de nos anos setenta ser coisa comum. Uma boa parte dos discos que me interessava então ouvir, escutava-os a horas mortas nos programas de rádio em FM, na Rádio Comercial, com o Espaço 3P ( Boa noite em FM, Banda Sonora, Perspectiva, por exemplo) e Em Órbita.
O disco que mais me marcou então foi o Still Life dos Van Der Graaf Generator, de 1976, mas nos anos seguintes a emissora que marcou os meus dias de rádio foi a Rádio Popular de Vigo que se apanhava muito bem em FM, na região onde vivia.
Muitas músicas que nunca ouvira em Portugal passaram a ter hora marcada de audição, por volta das 7 da tarde, num programa cujo indicativo era um instrumental de Jean-Luc Ponty. Jackson Browne, por exemplo, no disco Running on empty e a canção Stay. A primeira vez que ouvi Comes a Time de Neil Young, em 1978, foi nessa emissora galega. Idem para um tema de Kenny Rogers, Ruby don´t take your love to town, de 1969 mas regravado então e que passava muitas vezes, em 1978. Gerry Rafferty e City to city; Wings e London Town; Tubes ao vivo; Take it to the limit dos Eagles, cantado por Jimmy Buffet; os Eagles, porque saíra em 1976 o Greatest Hits, etc etc.
Foi nessa emissora e nesta aparelhagem que ouvi pela primeira vez o som digital do cd e até havia um programa especial em que passavam apenas discos em cd. Julgo que se chamava "digital em fm" e passava por aí em 82-83. Gravei algumas músicas: Rosana e Africa, dos Toto do álbum IV, de 1982 e que soa espectacular numa boa aparelhagem. Ainda hoje ao ouvir o sacd desse disco, me lembro da qualidade virtual que se adivinhava na emissão da Rádio Popular de Vigo. Simon & Garfunkel, do álbum Bridge over troubled water, um dos primeiros discos de cd que apareceram no mercado; os Dire Staits de Love over gold, saído em 1982 e principalmente Gaucho, dos Steely Dan.
Foi nessa Grundig que aprendi a gostar de hifi e ainda hoje busco o nirvana sonoro com memórias desse tempo.
Foi nessa aparelhagem que ouvi pela primeira vez, em 1982, os discos dos Beatles reeditados então em Portugal, gravando o álbum Branco pela primeira vez. No entanto, foi na Rádio Popular de Vigo que ouvi pela primeira vez Two of us, na mesma altura. Mais de dez anos depois de sair em Let it be.

Discos de 1981

Durante o ano de 1981 sairam poucos discos interessantes. Poderia dizer que foi já nesse ano de início de década que comecei a desinteressar-me das novidades da música pop/rock e comecei a descobrir alguns discos saídos em décadas anteriores.
Ainda assim, em 1981 ouvia os Moody Blues, de Long Distance Voyager bem como New Order, com o lp Movement o primeiro disco que comprei com dinheiro que ganhei. Foi uma escolha consciente e a edição do LP é portuguesa da Vimúsica.
Outros discos saídos em 1981 e que não figuram na imagem são os Styx, com Paradise Theater; Smokey Robinson e Being with you; David Lindley e El Rayo X; Kid Creole e Fresh Fruit; John Lennon e Double Fantasy e ainda Milton Nascimento, Eu caçador de mim. E ainda um grande disco que só descobri mais tarde- Pat Metheny com As falls Wichita so falls Wichita falls. Grande título!
Foi em 1981 que comecei a trabalhar e foi já em 1982, faz agora trinta anos que pensei em comprar a primeira aparelhagem de som verdadeiramente hi-fi.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Revistas de 1981

O ano de 1981 foi relativamente fraco em revistas coleccionadas. Algumas, como certas Time ou Newsweek desapareceram. Ficaram as de música- Rolling Stone, ano completo e Rock & Folk, também ano completo e desenhos- Métal Hurlant também completo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Amazing Blondel

Estes três discos do grupo Amazing Blondel são os essenciais para escutar a música deste excelente trio tipicamente inglês. O primeiro, Evensong de 1970, introduz o estilo musical de marca, tendo como cenário alegórico, os claustros de um mosteiro algures.
Fantasia Lindum de 1971 é uma variação sobre o primeiro disco com dois temas de ouvir e chorar por mais: Celestial Light e Safety in God alone, este ligeiramente ritmado e com um coro a trio de ouvir em recolhimento espiritual como um hino.
O terceiro, England, de 1972 é o culminar das sequências acústicas de flauta, guitarras e orquestra, com as vozes dos músicos em coro e é uma perfeita delícia musical. É um disco que ouvia nos anos setenta, a horas mortas da madrugada do FM Estéreo. Uma suite completa de sons delicados e acústicos, com ressonâncias de madrigais que encantam o ouvinte de um tema para o outro, num encadeamento raro de invenção e variação sobre um tema.
Três dos melhores discos da folk britânica.