domingo, 25 de novembro de 2007

Publicidade em movimento

Nos anúncios de revista dos anos setenta, em determinada altura começaram a aparecer anúncios mexidos, dando a impressão do movimento acelerado e esteticamente elaborado, para configurar um determinado cenário. Algumas dessas publicidades começaram com fotos para discos. Como o X dos Chicago, o que contém If you leave me now...ficando aqui a foto da dupla capa interior.



Nos anúncios a produtos como os primeiros computadores, ou a calçado de qualidade, em revistas como a Playboy.





















Ou nos anúncios da New Yorker, a televisões japonesas ou ainda a peças de teatro.























E a aparelhagem de som ou imagem. O conceito é o mesmo: movimento sugerido e virtual.


Pop alemã

Já os alemães, na mesma altura, publicavam posters e compravam os artigos ao Melody Maker inglês. Os posters eram bons. O papel de qualidade lustrosa e apelativa. Os artigos, ilegíveis. Como estes. Da Pop, da primeira metade da década de setenta.




















Boas Vibrações

Nos anos setenta, enquanto em Portugal se publicava o Disco, música & moda, a Mundo da Canção e mais tarde, a Música & Som,na vizinha Espanha, onde a peseta custava menos de metade de um escudo, publicava-se uma revista de música popular a sério e comparável com as europeias e até americanas: a Vibraciones.


sábado, 24 de novembro de 2007

The Best

Entre as revistas de música popular, da década de setenta, publicadas em França, havia a referência Rock & Folk e ainda a Best. Esta, mais centrada em ilustrações de página inteira, ficava uns bons pontos abaixo daquela, no que respeitava à qualidade de escrita e no aspecto gráfico. Ainda assim, alguns artigos justificavam a compra. Por exemplo, destes números.

Um, com as imagens da tournée dos Rolling Stones, pelos USA, em 1975 e outro com um historial dos Led Zeppelin, de 1976, por altura da saída do LP Presence.






















Na Best de 1976, está publicada uma foto de Jimmy Page, a tocar viola acústica. Uma foto belíssima em que a viola parece soar ao vivo, adivinhando-se o som Martin dedilhado pelo músico. No número de Dezembro de 1975, a par de uma história de David Bowie, apareciam quatro páginas com letras de temas dos Van Der Graaf Generator, um dos grupos que então mais apreciava, o que se manteve ao longo destes anos, aliás. A primeira vez que li a letra de Man-Erg ( Killer, lives inside me...) foi nesse número e em francês. Segundo a tradução do crítico é um hino à esquizofrenia. Um hino, é um modo de dizer em francês...
A foto dos Van Der Graaf, a primeira que me era dado ver do grupo de rock, foi destacada para colecção. Voltou tempos depois, ao lugar original. Este que se mostra.





quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A nova ordem da divisão da alegria

O primeiro disco que comprei, com dinheiro ganho por mim, foi escolhido literalmente a dedo. Foi em 1981 e entre as várias escolhas possíveis, foi o LP Movement, dos New Order o que começou a rodar no prato Dual, num som ainda longe da perfeição, mas muito melhor do que qualquer arremedo sonoro, de mp3 actual.

Os New Order de 1981, seguiam-se aos Joy Division, bem publicitados por cá, por um Miguel Esteves Cardoso que sobre eles escrevia, de Manchester, lugar original da banda de Ian Curtis, que se suicidou em Maio de 1980.

O lugar da escrítica era na altura O Jornal, onde na edição de 11.11.1980, foi publicada a crónica crítica sobre o disco Closer, o último da banda, depois de Unknown Pleasures, o primeiro, depois dos singles que marcaram a época, como Love will tear us apart, publicado já depois da morte de Ian Curtis, tal como o LP Closer, aliás.

Em Portugal, nessa época, os Joy Division eram um grupo conhecido, mas ainda pouco divulgado a não ser pelas crónicas ditirâmbicas de MEC. Em 23.10.1981, também no O Jornal, publicitava o álbum duplo, Still, uma recincidência do artigo publicado em 21.10.1981, no Sete, sobre o mesmo disco; em 30.9.1981, no Sete, escrevia sobre os New Order, de Everything is gone green, o primeiro single antes do primeiro álbum; em 11.12.1981, mais um artigo no O Jornal, sobre a música dos Joy Division e a indicação de que Ian Curtis, com 23 anos, gostava de Kafka e Herzog. Curiosamente, também na mesma época, o cineasta alemão era dos meus preferidos, depois de ter visto O Enigma de Kaspar Hauser.

Não há dúvida: se alguém, em Portugal, publicitou a banda de Manchester, foi precisamente Miguel Esteves Cardoso, na altura, emigrado em Manchester.

A sonoridade Joy Division, para dizer a verdade, nunca me passou nos carretos sonoros, com a mesma intensidade da escrita de MEC, na altura. Mesmo assim, o som seco da bateria, acompanhado pela guitarra em fuzz permanente, com a electrónica dos teclados e a voz grave e triste de Ian Curtis, era um eco que então se escutava com alguma atenção. Além do mais, as capas dos discos, eram talhadas ao milímetro por um artista do design, Peter Saville, que associava o novo ao antigo, o clássico à arte contemporânea.

A capa de Movement, o primeiro LP que comprei, foi uma escolha estética também por causa disso, porque o objecto sóbrio e de cores limpas, desenhava um traço já visto noutros lados, mas nunca em disco de música popular.

A música dos New Order, eminentemente electrónica, tornou-se cada vez mais pop e por alturas do Lp, Technique, de 1989, já nem se distinguia de outras aventuras electro pop. Não obstante, o LP Power, Corruption and lies, de 1983, ainda conserva o encanto das descobertas sonoras dos anos oitenta. Das poucas que ainda eram possíveis nessa época.



























Imagens: Capa e contra-capa do Lp Movement, original e prensagem portuguesa da Vimúsica, Lda, de 1981.; NME de 20.4.2002( cinquentenário do semanário inglês de música popular) e O Jornal de 11.11.1980.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O professor Xavier e outras histórias

A imagem do disco de Manuela Moura Guedes, no blog do Ié-Ié, lembrou-me a existência de um disco gravado em 1983, em duplo single, por um grupo efémero chamado Clube Naval, de uma mítica Fundação Atlântico, orientada por Miguel Esteves Cardoso, até aí escrítico de música no O Jornal, Sete e afins.
O disco é uma gracinha, glosando o tema equívoco das relações professor-aluna, numa época precisamente em que também dava aulas e me dava conta das subtilezas no trato que um professor deve assumir, para não cair em tentações escusadas.
A música é simples, o arranjo também, da autoria de Ricardo Camacho, mas é um tema pop com muita graça e leveza que faz um bom disco, porventura completamente esquecido. Foi gravado em Paço de Arcos, por Tó Pinheiro da Silva.
E serve às mil maravilhas para introduzir os anos oitenta, e as descobertas de então.























domingo, 4 de novembro de 2007

Etiquetas

A pequena história destas duas etiquetas de calças de ganga, do início dos anos setenta, pode ser lida nas Rapsódias do Mundo Moderno.

A roupa e a moda, sempre foram, a par da música popular, um dos motivos de interesse da malta nova. De agora, como dantes. Os símbolos da moda, em todo o lado, marcaram o sucesso efémero de marcas. Algumas continuam, outras acabaram. Outras ainda, apareceram de novo.
A roupa de ganga, particularmente as calças e blusões, foram adquirindo, nas décadas de sessenta e seguintes, do séc XX, um significado cultural que permitiu um nivelamento do gosto na moda do vestuário. A qualidade natural do algodão, aliada ao conforto de uso de vestuário casual, permite um uso generalizado e apetecido.





















Em função dessa generalização do gosto, a publicidade utilizou ainda esses símbolos para dar mensagens de outros produtos, como o tabaco. Este anúncio, dos anos setenta, simboliza o "Marlboro man", tão combatido nos anos noventa, na América de Clinton. Esta imagem, no entanto, mostra a cor da ganga já desbotada pela prè-lavagam industrial.


Os anúncios a tabaco, sempre disputaram a atenção do consumidor, com artifício variados. Para mim, o slogan "I´d walk a mile for a Camel", era perfeito. Em meados dos setenta, procurei este maço particular do tabaco americano, com gosto turco. O anúncio é da mesma época.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Musician para músicos e leigos

No início dos anos oitenta, a curiosidade a propósito de outras revistas de música, levou à descoberta de uma das melhores que nessa altura se publicavam: Musician-player & listener, surgiu em 1980 e acabou no fim do milénio, em 1999.
Ligada à editora da Billboard, órgão oficioso da indústria da música americana, a Musician, de Boulder, no Colorado, durante quase vinte anos, publicou o que a Rolling Stone já não publicava e a Crawdaddy já não podia: o ponto de vista dos músicos, de um modo associado à música, mais do que ao espectáculo. Talvez por isso, alguns escríticos da Rolling Stone, passaram a escrever na Musician. Casos de Timothy White, Charles M. Young e David Fricke.
O primeiro número que chamou à atenção foi o de Fevereiro de 1982, com esta capa e a entrevista com Ringo Starr. O seguinte, trazia Miles Davis, na capa e também Little Feat. Ninguém, nessa altura misturava assim os géneros. Nem a Guitar Player ou a Downbeat