domingo, 21 de abril de 2013

Frank Zappa e as revistas de música


A seguir ao álbum The man from Utopia o meu interesse na música de Zappa esmoreceu de tal modo que apenas no início dos 90 dei atenção às reedições em cd da obra do mesmo.
Durante esses quase dez anos sairam no entanto artigos em revistas de música que me foram lembrando os discos entretanto saídos, como Them or us, saído em finais 1984 ou mesmo Thing-Fish, do mesmo ano. Lembro-me o entanto de ver tais álbuns, particularmente Thing-Fish em exposição numa discoteca de Lisboa, no piso inferior do Apollo 70. O disco triplo apresentava-se numa caixa graficamente bem cuidada e que tinha uma figura estranha de um ser híbrido cujo significado só muitos anos depois entendi, ao ouvir o disco, em cd.
As revistas que fui comprando, para além da Rock & Folk que sempre deu atenção especial ao músico foram a Musician, logo em Abril de 1982, com uma entrevista extensa e interessante.


Em Janeiro de 1987 a revista Guitar Player fez 20 anos e publicou este número excepcional que entre outras coisas trazia um artigo e entrevista com Zappa, já com o filho Dweezil em duo num tema-Sharleena- que o flexi-disco que a revista trazia, no meio, deixava ouvir.


Em Setembro de 1988 a mesma Musician reincidia noutro artigo sobre a música de Zappa em final dos oitenta.

Nos anos noventa seguiram-se outras como um número excepcional da Guitar Player em conjunto com a Keyboard magazine e que em mais de cem páginas faz uma resenha importante de toda a carreira do músico, com a mais importante entrevista de sempre com o mesmo. Em determinada passagem Zappa fala sobre o cd que acha ser superior, em som, ao vinil. 


Em 4 de Dezembro de 1993 Zappa morreu na sequência de um cancro na próstata  e as revistas da especialidade publicaram extensos artigos sobre a obra e a "continuidade conceptual" da mesma.

A primeira a fazê-lo foi a Musician com uma capa de antologia.

 A Guitar Player também o fez com um artigo que resumia em poucas páginas a carreira do músico.

Em Outubro de 1995 a mesma revista publicou uma resenha dos cd´s que a Rykodisc iria então publicar de novo, com rematrizações dos discos originais de Zappa, previamente autorizadas por este. Foi nesta altura que reganhei interesse na música de Zappa, particularmente por causa dessas reedições que me pareciam uma ocasião para ouvir de outro modo os discos antigos que aliás nem tinha.


Em 1999 a revista Guitar World publicou uma resenha bem mais alargada e compreensiva da obra de Zappa.
 http://www.afka.net/images/Magazines/1999/1999-02-xx%20Guitar%20World%20v19n2%2000.jpg



terça-feira, 9 de abril de 2013

Frank Zappa nos oitentas

Desde o início da década de oitenta que a música de Zappa fazia outro sentido para mim, diverso do que me tinha agradado com a trilogia Overnite Sensation-Apostrophe(´)- One size fits all.

Um dos primeiros discos que comprei, em 1982, foi precisamente o disco de Zappa, duplo, You are what you is que é uma continuação musical do estilo anterior, de Joe´s Garage e Sheik Yer bouti.
Durante o ano de 1981, em Maio,  tinha saído Tinsel Town Rebellion, lp duplo,  na etiqueta Barking Pumpkin Records, recém formada e em alusão à cabacinha de Halloween americano, a fumar e tossicar ( pelos vistos a mulher de Zappa tossicava por causa disso e Zappa era assim que lhe chamava) e um gato assustado em logotipo.
De Tinsel town lembro-me de ouvir o título tema no rádio e pouco mais. Evidentemente, com o passar dos anos tornou-se um disco mais importante, com o tema For the young Sophisticated, Fine girl e o lado 4, mais jazzístico.
No mesmo mês e ano sairam ainda discos de Zappa em edição especial, vendidos primeiro por via postal e anunciados nos media. Shut up ´n play  yer guitar, apresentou-se como um disco triplo e ao título seguinte, Shut up n´play yer guitar some more , juntava-se o terceiro, The return of the son of shut up n´play yer guitar, reunidos numa caixa com foto de Zappa com guitarra ao colo e numa foto apelativa pela commbinação cromática. Nunca ouvi tais discos, principalmente por saber que são exclusivamente instrumentais e apenas com solos de guitarra, retirados de espectáculos ao vivo.
Portanto, logo que saiu You are what you is, em finais de 1981 aprontei os ouvidos para escutar com atenção. O disco, duplo, o primeiro de Zappa que comprei, da etiqueta CBS que então passou a distribuir o produto em Portugal ( o disco de Simon & Garfunkel, The concert in Centrak Park, saído na mesma altura também era distribuído pela CBS Portugal) trazia um tema imperdível, Harder than your husband, do mesmo estilo que Bobby Brown uns anos antes. Mas trazia ainda uma sequência de temas dedicados à "society" americana e Any Downers, Goblin girl, Charlie´s enormous mouth, Conehead ou dumb all over, Doreen. O primeiro, Teen-age wind, fora composto em poucos minutos depois de um músico ter dito a Zappa que conhecia o músico Christopher Cross que nessa altura estava nos "tops" com "ride like the wind". Zappa terá dito na altura que "ah! dêem-me aí um lápis e papel e escrevo uma coisa dessas em cinco minutos". E se bem o disse melhor o fez.


O disco foi o que se aguentou até 1983, com a saída de The man from Utopia que também comprei quando saiu, igualmente da CBS Portugal e que custou 475$00.
Antes, em 1982 tinha saído Ship arriving too late to save a drowning witch que pouco ouvi porque não me interessava por aí álém a música que ouvia. Porém, erro meu, má fortuna. A música de Drowning witch é também impecável e só dei por isso há pouco tempo. Porém, o single Valley Girl, com a filha de Zappa, Moon, a cantar desencorajava-me a ouvir mais.


No entanto, esse disco tinha uma particularidade: a recomendação de Zappa na capa interior para o disco ser preferencialmente ouvido em colunas  JBL 4311 ou equivalentes e com os controlos de loudness desligado e os do preamplificador em posição "flat".
Nunca ouvi o disco numas JBL ou equivalentes mas é um disco gravado digitalmente e com uma equalização interessante, tal como os anteriores, aliás.



O seguinte, The man from Utopia, saído em Março de 1983 ainda tinha uma gravação e equalização mais marcante nos baixos, particularmente Tink walks amok ou Stick together ou mesmo Sex. O tema The radio is broken, uma espécie de rap, tem uma passagem rítmica algo complexa com o baixo de Scott Thunes a ronronar um riff dos The Knack, em My Sharona, um hit da altura.
O disco servia para testar a aparelhagem nas frequências baixas e é dos discos que menos aprecio de Zappa e cujo material menos me interessa. A capa é de um ilustrador italiano, Liberatore, que na época desenhava na revista Frigidaire ( uma espécie de Actuel transalpina ou uma el Vibora espanhola ou mesmo uma Face inglesa).

terça-feira, 2 de abril de 2013

Zappa- Joe´s Garage Acts I II & III

Em finais de 1979 sairam mais dois lp´s de Zappa, um deles duplo, possivelmente só ouvidos no ano seguinte e que gravei provavelmente em 1981.
Joe´s Garage, act I, em Setembro desse ano  e passados meses, o Acts II & III, foram também originalmente publicados na etiqueta Zappa Records, como Sheik Yerbouti e continuam o estilo temático e agora um pouco mais conceptual, com a música na senda daqueloutro.

São discos cuja gravação acompanha a qualidade daquele e o primeiro tema do Act I dava a tonalidade aos discos: uma apresentação em voz abafada electronicamente de uma ficção em que um fantasmático "central scrutinizer" se encarrega de proibir a música por se ter tornado fonte de crise económica e social.
O tema dá asas a Zappa para se alargar nas sátiras habituais à organização política e social, com destaque para a televisão embrutecedora e cretinizante.
A música do tema ginga bem e com suficiente balanço para fazer esquecer o assunto porque o que fica no ouvido é a expressão Joe´s Garage e a guitarra pontilhante, acompanhado de coros e saxofone dissonante., para além da restante instrumentação, excelente e do melhor que Zappa produziu em música popular.
É aqui que aparece outro conceito idiossincrático de Zappa: "informação não é conhecimento; conhecimento não é sabedoria; sabedoria não é verdade; verdade não é beleza; beleza não é amor; amor não é música. Música é o melhor".
No primeiro disco surge ainda uma contraposição ao tema "Jewish princess" de Sheik Yerbouti, com "Catholic Girls", um dos temas fortes do disco, embora mais suave que o outro.
Os discos têm uma particularidade técnica: todos os solos de guitarra, com excepção de um no tema Watermelon in Easter Hay, são "xenócronos, ou seja enxertados nas gravações das canções e vindos de outras gravações ao vivo anteriores, designadamente de espectáculos de 1979.
As capas dos discos são fotografias de Norman Seef com um close-up da cara do músico pintada de preto e com uma esfregona no primeiro e no segundo a ser maquilhado de preto.
Os temas variados e as melodias infiltravam-se facilmente no ouvido e por isso gravei uma parte do Acts II & III, precisamente os primeiros temas, com Token of my extreme e os outros a seguir numa cassete que julgo terá sido já em 1981ou mesmo 82. Daí que estes discos e música sejam verdadeiramente a introdução musical de Zappa aos anos oitenta. E a gravação será das primeiras efectuadas com música ouvida no rádio da altura, na aparelhagem Grundig que foi a primeira que comprei com dinheiro que ganhei do meu trabalho.A gravação aparece em mono/stereo porque a captação via rádio não era das melhores, por vezes, o que fazia perder o sinal. Mas continua a ser uma boa gravação de Token of my extreme.
No outro lado da cassete aparece a gravação de um outro disco excelente e dos que mais aprecio da música popular: Jorma Kaukonen, num disco de 1974 que só nessa altura conheci.

Em 13 de Dezembro de 1979 a Rolling Stone publicava este anúncio aos discos entretanto reunidos em caixa, embora saídos em separado naqueles meses anteriores, ao mesmo tempo que fazia uma recensão aos discos em artigo dedicado e muito favorável.


Os discos originais aqui mostrados já foram arranjados há pouco tempo, porque inicialmente comprei a caixa de cd´s que continha os mesmos e ainda publicada em 1990 pela etiqueta de Zappa records ( antes do negócio com a Ryko) embora sejam fruto de rematrização digital operada em 1989 por Bob Stone, com a participação de Zappa. A gravação dos discos é toda de estúdio com a maior parte dos soloes de guitarra xenócronos.