A revista Tintin, nas versões portuguesa e mesmo a original belga que me interessaram desde 1972, em 1974 ainda mantinha a qualidade original. Nessa altura publicava histórias de Clifton ( Degroot), Lucky Luke ( O caçador de Prémios, uma das melhores histórias da saga), Asterix ( O Adivinho, idem) Bernard Prince ( Hermann), mas estava já na fase terminal da época de ouro. No final do ano, perdia o interesse, porque entretanto, aconteceram coisas que modificaram o gosto de então. Em 1975 já não comprava a Tintin portuguesa. Nem a belga também. Depois disso, em 1976 e 1977, meia dúzia de números se tanto. E assim acabou o Tintin em revista, para mim.
Os autores franceses que me tinham levado a esse interesse acrescido, no início dos anos setenta,- Giraud, Hermann, William Vance, Jacques Martin, Godard, Morris, Uderzo,- entre outros, tinham deixado de apresentar com a regularidade de anos anteriores os seus trabalhos desenhados.
Particularmente Jean Giraud, o autor de Blueberry e cujas aventuras apareceram no Tintin português, por via de acordo de publicação com a Pilote francesa. Embora durante o ano de 1974 o Tintin português ainda publicasse A pista dos Sioux, a história era antiga, de 1971 e nessa altura, Giraud estava já noutra via que pouco depois se revelaria uma novidade de vulto.
Até então, o tipo de desenho, as aventuras de cóbois e a estrutura narrativa, com combóios, índios, paisagens do farwest do tempo da guerra de secessão e sucessivas querelas, despertaram a atenção para a leitura dessas histórias que já tinha aparecido anos antes e ainda voltariam a aparecer, precisamente no original Pilote, que por cá não se vendia como o Tintin.
O primeiro número dessa revista francesa que por cá apareceu à venda, através da distribuidora Bertrand, foi o 745, de 14.2.1974.
Logo que vi esse número no escaparate da porta de entrada da livraria ( que ainda existe com o mesmo nome e local), fiquei espantado de emoção.
Aquela revista que apenas entrevira em citações na revista Tintin portuguesa estava ali...e custava 27$50, uma pequena fortuna para uma revista de banda desenhada. Mas teve que ser e lá foram as poupanças da semana. E na semana seguinte, idem. E depois e ainda depois, até chegar ao nº 753 de 11.4.1974. Tendo em conta a décalage ( francesismo a preceito) na distribuição, é provável que esse número tenha sido comprado na semana do 25 de Abril de 1974.
Nessa altura, o meu interesse na revista cingia-se a voltar a ver histórias de Jean Giraud, de Blueberry.
Mas tal não aconteceu, por motivos que se contam a seguir.
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