domingo, 14 de outubro de 2007

A imprensa de música em Portugal

A imprensa sobre música popular, em Portugal, nos anos sessenta e setenta, não deixava de lado as novidades estrangeiras, mais notáveis e populares.
Apesar de ausência de crítica propriamente dita, o que só apareceu verdadeiramente no final dos anos sessenta, com a revista Mundo da Canção e mesmo assim, de modo pouco elaborado e acantonado a certos preconceitos de Esquerda, como é notório nos nomes que assim a escreveram, já nos início dos anos sessenta, havia secções de música na revista Século Ilustrado; a revista Estúdio, aparecida nos anos 50 e consagrada primordialmente às novidades do cinema, mas com páginas correntes, dedicadas à música popular, trazendo ainda letras de canções. As imagens que seguem, é da revista Estúdio, de 5 Setembro de 1963 e 5 de Outubro do mesmo ano. A publicação quinzenal, que custava 2$50,( e em 1973 ainda custava o mesmo), era dirigida por Domingos Mascarenhas, com A. Romariz Monteiro e M. Félix Ribeiro, sendo editor, Francisco da Costa Vieira ( em Dezembro de 1973, o directo já era J.M. Boavida-Portugal).









































Em 15 de Outubro de 1970, a revista Mundo Moderno, vinda do Cine Disco de 1968, publicava estas duas páginas. Uma, de "letras" de canções, coisa procurada na época, porque por vezes os discos não as traziam e alguém as importava de revistas e jornais estrangeiros; outra de publicidade a discos do momento.
No caso das letras, os temas do momento eram as Hot legs dos Neanderthal man que ombreavam de par, com o tema delicado de Lady D´Arbanville, de Cat Stevens. Nas novidades, o destaque para os Aphrodite´s Child, de Demis Roussos e a canção hit, Spring, Summer, Winter and Fall.






















Em finais de 1972, saía o semanário Musicalíssimo, dirigido por José Vaz Pereira e com colaborações de Bernardo Brito e Cunha ( um nome repetido nestas andanças, posteriormente, na futura Música & Som, por exemplo); Viale Moutinho ( outro nome conhecido já do Mundo da Canção), Manuel Cadafaz de Matos ( outro para a futura Música & Som) e Luís Rodrigues.
O jornal reencarnou nos anos oitenta, com direcção de Jacques Rodrigues e colaborações variadas em que se incluiam Júlio Isidro, Fernando Quinas e Rui Neves, além de Aníbal Cabrita, Jorge Lopes, Rui Morrison, Ricardo Saló e outros, ligados à rádio.

Obviamente, seria falta grave não mencionar o semanário Sete, neste panorama. Ou O Jornal, onde começou a escrever crónicas de discos e músicos, o único crítico verdadeiramente inovador, na escrita e no conceito, que alguma vez tivemos nestas últimas décadas, em Portugal: Miguel Esteves Cardoso.


3 comentários:

MARIA disse...

Mais um post de conteúdo especialmente feliz.
Obrigada José, por tudo o que partilha aqui e por esta via me ensinou.
Um beijinho
Maria

Muleta disse...

só um minusculo reparo. o grupo referido chama-se hotlegs e a música era o neanderthal man, e nao ao contrario.
aliás os hotlegs eram uma criaçao em estudio dos antigos mindbenders (a groovy kind of love, ashes to ashes, etc depois de game of love com wwayne fontana) e que evoluíram depois para os 10c (i'm not in love)

jose disse...

Caro José

Resolvi vir espreitar esta "loja" por
si referida na outra, a da "porta".
Além das revistas musicais aqui referidas lembrei-me de,por volta de 1972,ler num jornal efémero---A MEMÓRIA DO ELEFANTE--um artigo sobre o álbum de David Crosby--If I Could Only Remember My Name.
José.j.