Não lembro a primeira vez que ouvi Roy Harper. Sei que foi na rádio, em meados dos anos setenta, em programas animados ou por João David Nunes ou por Jaime Fernandes. Este, grande entusiasta de Roy Harper, divulgava os seus álbuns, várias vezes, nos seus programas dedicados a músicas suaves, de folk e country tingidos.
Em Abril de
Nessa altura, o disco Bullinamingvase, particularmente a composição de longa duração, One of these days in England, era um clássico na minha audição. Todo o disco, no entanto, excede as expectativas do ouvinte prevenido para tirar o chapéu ao músico, acompanhado por músicos de escol, ingleses.
A versão em cd da pequena maravilha lançada em 1977, só saiu à luz, na etiqueta Science Friction, em 1996. Está esgotada também e tinha a gravação em 20 bit supermapping, próxima do som original do LP.
O disco, provavelmente, foi a revelação desse ano já longínquo, juntamente com outras pequenas pérolas da música rock: Out of Blue dos ELO; Sleepwalker dos Kinks; o primeiro a solo de Peter Gabriel; o primeiro dos Bóston; Even in the Quietest moments dos Supertramp; Before and after Science de Brian Eno; World Record dos Van der Graaf; Hejira de Joni Mitchell e ainda Rumours dos Fleetwood Mac e ainda JT de James Taylor, para não falar em Aja dos Steely Dan, ouvido muito mais tarde.
Bullinamingvase, porém, é o disco de 1977, para mim, tal como foi para a M&S nessa altura, por influência de Jaime Fernandes e outros.
Foram eles quem passaram na rádio, os discos anteriores, como Flat Baroque and Beserk, de 1970, que contém pepitas sonoras como Don´t you grieve e I hate the white man.
Ainda Stormcock, em destaque agora que se vai republicar em edição de luxo, anunciada para o fim de Novembro do ano corrente. Esse disco de 1971, conta-se entre os melhores do músico se é que se podem distinguir os melhores de uma discografia, toda ela repleta de maravilhas sonoras. O prato forte musical de Stormcock é The Same old rock, introduzido em suaves arpejos de guitarra acústica que mimetizam uma toada flamenca e que encadeada na composição Little lady, do disco seguinte, Lifemask, dá uma ideia dos programas de Jaime Fernandes sobre Roy Harper. Para melhorar o ambiente sonoro só a audição integral do disco seguinte, de 1974, Valentine, o mais romântico e perdido de amores. I´ll see you again, é uma confissão de perdição e Commune um encontro de amor em guitarra acústica que casa muito bem com a primeira composição, Forbidden fruit, uma canção com uma das melodias mais fantásticas que conheço e que canto de modo constante, sempre que me lembro, mas cuja letra não se pode interpretar à letra, sendo uma fantasia perigosa e que perturba a inocência. Uma letra absolutamente incorrecta, hoje em dia, e com razão.
Depois deste pequeno best of, sobra ainda o grande disco de 1975, HQ, um dos mais elaborados técnica e musicalmente, com virtuosos da guitarra como Chris Spedding, Bill Bruford,na bateria, John Paul Jones, dos Led Zeppelin e mais uma das pièces de résistence de Roy Harper: When an old cricketer leaves the crease.
O disco teve reedição em cd, em 1995, também num luxo de apresentação já esgotado e em 20 bit supermapping.
Entre Bullinamingvase e HQ o meu gosto balança e por isso tiro o chapéu a Valentine.
2 comentários:
"One Of Those Days In England" tem a participação de Paul McCartney.
Já que fala de programas de rádio, acho que, a seguir ao "Em Órbita", o programa que mais me influenciou foi o "Morrison Hotel", de Rui Morrison. Já nem me lembro o ano. Foi aí que ouvi pela primeira vez - e me apaixonei - por Emitt Rhodes.
Luís
descobri o roy harper muitos anos depois, só muito recentemente. o disco que refere, o Bullinamingvase, é fenomenal e o one of those days in england está sempre no meu player...
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