quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Mais rapsódias
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
O Record americano
domingo, 28 de outubro de 2007
A Crawdaddy
No número do décimo aniversário, o editorial de Peter Knobler, explicava o significado da música rock, de então.






No número de Junho de 77, duas páginas sobre o PREC português, escrito de um ponto de vista liberal, à americana.


A Crawdaddy de Abril de 1977, trazia uma reportagem desenvolvida sobre os Eagles, na senda da divulgação do LP Hotel California. As fotos, essas, são de antologia.


sábado, 27 de outubro de 2007
As capas da Rolling Stone
A primeira imagem que vi da revista, indicada na página da National Lampoon, foi precisamente o primeiro número em que a revista saiu com a capa em quadricomia, em 25.2.1973. Uma imagem de Bette Midler, a que se seguiu um número com Mick Jagger na capa, numa das melhores capas da revista, fotografada neste caso por Annie Leibowitz, autora de inúmeras fotos que fizeram a capa, incluindo a de 22 de Janeiro de 1981 que conseguiu o prémio de melhor capa de revista americana, dos últimos 40 anos, há um par de anos atrás. Annie Leibowitz, em dez anos e até 1983, altura em que deixou a revista, foi a autora de fotos em 142 capas.
O logotipo da revista foi graficamente aprimorado e mudou de forma ao longo dos anos, em três ocasiões. A primeira, com o número 180, de 13.2.1975, em que passou do efeito caleidoscópico, algo psicadélico do corpo das letras, para a cor opaca e sem debruados. Este formato mais simplificado, durou até ao décimo aniversário da revista. Em 15.12.1977, o logotipo simplificou-se ainda mais e cortou os rebites, mudando a forma das próprias letras. O logotipo, desenhado desta vez por Jim Parkinson, foi entendido, por Jann Wenner, como uma modernização. Nesse número, o design gráfico já entregue aos cuidados de Roger Black, tipógrafo de formação e que já vinha de Abril de 1976 ( e que ficou até 1983) , ganhou a colaboração de Bea Feitler que tinha vindo das revistas Harper´s Bazzar e Ms. ( uma revista feminista e com capas de grande qualidade artística). Foi nesse período, que em 26 de Janeiro de 1978, Bob Dylan apareceu na capa da revista, numa foto de Annie Leibowitz, com uma entrevista de Jonathan Cott que a revista portuguesa Música & Som publicou por cá, em dois números.
O novo logotipo aguentou desta vez, mais 3 anos. No número de 22.1.1981, o tal com John Lennon fotografado dias antes de morrer, mudava para a concepção anterior dos debruados e redobras literais, numa alteração aprovada por Jann Wenner depois de ter ouvido as críticas de Mick Jagger a propósito da beleza do logotipo antigo por contraposição ao moderno.
Nesta altura, nos anos oitenta a revista tornara-se já uma instituição, conservadora de certos respeitos e leniente nas críticas, renegando o espírito inicial de alguma contra-cultura herdada do espírito dos sessenta.
Em 10 de Agosto de
No número seguinte, assinado por Greil Marcus, um dos maiores críticos da música popular e autor de livros de referência nesta matéria, aparecia a apreciação do disco de Bob Dylan, Street Legal. “Entristece-me dizer que não partilho da opinião do meu colega Dave Marsh, quando diz que o último disco de Dylan, é uma “piada”, ou de qualquer forma, uma boa piada. A maioria do material, aqui, é ar saturado ( dead air) ou perto disso. (…) Bob Dylan nunca soou tão a falso. Claro que Dylan já publicou maus discos, antes; mas Solf-Portrait tinha Copper kettle, New Morning, Sign on the window, Planet Waves, Wedding Song e Desire, Sara. O colapso do timing em Dylan assegura-nos que já não subsiste nenhuma dessas estranhas pérolas, por aqui”.
Estas duas críticas, mereceram de Jann Wenner uma atitude inédita, dois números a seguir: uma crítica aos críticos, em que se escrevia que as crónicas de Marcus e Marsh eram ataques “ad hominem”, refazendo a honra perdida dos dois músicos, justificando-a com esta observação judiciosa: Discussões críticas – históricas, sociais e morais- que acabam por andar à volta do ponto sobre as coisas já não serem o que foram, são inúteis. Dizer o contrário, é negar o envelhecimento do observador e do observado e ignorar o factor da mudança.”





sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Um logotipo de sempre
A revista Rolling Stone, ao longo da década de 70 e até meados da seguinte, foi sem dúvida, a revista mais importante sobre música popular anglo-saxónica que me foi dado ler. A imagem da direita, precisou de retoque no insert da revista, porque a recortei para fazer parte de uma colagem.


quinta-feira, 25 de outubro de 2007
As publicidades americanas nos anos setenta
A publicidade a discos, como a banda sonora do filme Nashville e o Lp de Bob Dylan, Before the Flodd, em finais de 1974, por exemplo.


A publicidade aos sistemas de hi-fi, japoneses. Um gravador de cassetes, com indicação do preço em escudos, na época...


E a publicidade às fitas magnéticas, em cassete e em cartucho ( formato interessante que desapareceu completamente e que permitia um acesso rápido às faixas, com uma melhor qualidade de som que as cassetes). As primeiras gravações que efectuei, num gravador um pouco melhor que o mostrado, usavam também as fitas Basf, alemãs, que ainda perduram e soam mais ou menos bem.


As publicidades nos sessentas e setentas


Imagens: Selecções do Reader´s Digest de Junho de 1966 e Fevereiro de 1971
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Há mais de trinta anos que lhe tiro o chapéu.

Não lembro a primeira vez que ouvi Roy Harper. Sei que foi na rádio, em meados dos anos setenta, em programas animados ou por João David Nunes ou por Jaime Fernandes. Este, grande entusiasta de Roy Harper, divulgava os seus álbuns, várias vezes, nos seus programas dedicados a músicas suaves, de folk e country tingidos.
Em Abril de
Nessa altura, o disco Bullinamingvase, particularmente a composição de longa duração, One of these days in England, era um clássico na minha audição. Todo o disco, no entanto, excede as expectativas do ouvinte prevenido para tirar o chapéu ao músico, acompanhado por músicos de escol, ingleses.
A versão em cd da pequena maravilha lançada em 1977, só saiu à luz, na etiqueta Science Friction, em 1996. Está esgotada também e tinha a gravação em 20 bit supermapping, próxima do som original do LP.
O disco, provavelmente, foi a revelação desse ano já longínquo, juntamente com outras pequenas pérolas da música rock: Out of Blue dos ELO; Sleepwalker dos Kinks; o primeiro a solo de Peter Gabriel; o primeiro dos Bóston; Even in the Quietest moments dos Supertramp; Before and after Science de Brian Eno; World Record dos Van der Graaf; Hejira de Joni Mitchell e ainda Rumours dos Fleetwood Mac e ainda JT de James Taylor, para não falar em Aja dos Steely Dan, ouvido muito mais tarde.
Bullinamingvase, porém, é o disco de 1977, para mim, tal como foi para a M&S nessa altura, por influência de Jaime Fernandes e outros.
Foram eles quem passaram na rádio, os discos anteriores, como Flat Baroque and Beserk, de 1970, que contém pepitas sonoras como Don´t you grieve e I hate the white man.
Ainda Stormcock, em destaque agora que se vai republicar em edição de luxo, anunciada para o fim de Novembro do ano corrente. Esse disco de 1971, conta-se entre os melhores do músico se é que se podem distinguir os melhores de uma discografia, toda ela repleta de maravilhas sonoras. O prato forte musical de Stormcock é The Same old rock, introduzido em suaves arpejos de guitarra acústica que mimetizam uma toada flamenca e que encadeada na composição Little lady, do disco seguinte, Lifemask, dá uma ideia dos programas de Jaime Fernandes sobre Roy Harper. Para melhorar o ambiente sonoro só a audição integral do disco seguinte, de 1974, Valentine, o mais romântico e perdido de amores. I´ll see you again, é uma confissão de perdição e Commune um encontro de amor em guitarra acústica que casa muito bem com a primeira composição, Forbidden fruit, uma canção com uma das melodias mais fantásticas que conheço e que canto de modo constante, sempre que me lembro, mas cuja letra não se pode interpretar à letra, sendo uma fantasia perigosa e que perturba a inocência. Uma letra absolutamente incorrecta, hoje em dia, e com razão.
Depois deste pequeno best of, sobra ainda o grande disco de 1975, HQ, um dos mais elaborados técnica e musicalmente, com virtuosos da guitarra como Chris Spedding, Bill Bruford,na bateria, John Paul Jones, dos Led Zeppelin e mais uma das pièces de résistence de Roy Harper: When an old cricketer leaves the crease.
O disco teve reedição em cd, em 1995, também num luxo de apresentação já esgotado e em 20 bit supermapping.
Entre Bullinamingvase e HQ o meu gosto balança e por isso tiro o chapéu a Valentine.

domingo, 14 de outubro de 2007
A imprensa de música em Portugal
Apesar de ausência de crítica propriamente dita, o que só apareceu verdadeiramente no final dos anos sessenta, com a revista Mundo da Canção e mesmo assim, de modo pouco elaborado e acantonado a certos preconceitos de Esquerda, como é notório nos nomes que assim a escreveram, já nos início dos anos sessenta, havia secções de música na revista Século Ilustrado; a revista Estúdio, aparecida nos anos 50 e consagrada primordialmente às novidades do cinema, mas com páginas correntes, dedicadas à música popular, trazendo ainda letras de canções. As imagens que seguem, é da revista Estúdio, de 5 Setembro de 1963 e 5 de Outubro do mesmo ano. A publicação quinzenal, que custava 2$50,( e em 1973 ainda custava o mesmo), era dirigida por Domingos Mascarenhas, com A. Romariz Monteiro e M. Félix Ribeiro, sendo editor, Francisco da Costa Vieira ( em Dezembro de 1973, o directo já era J.M. Boavida-Portugal).




No caso das letras, os temas do momento eram as Hot legs dos Neanderthal man que ombreavam de par, com o tema delicado de Lady D´Arbanville, de Cat Stevens. Nas novidades, o destaque para os Aphrodite´s Child, de Demis Roussos e a canção hit, Spring, Summer, Winter and Fall.


O jornal reencarnou nos anos oitenta, com direcção de Jacques Rodrigues e colaborações variadas em que se incluiam Júlio Isidro, Fernando Quinas e Rui Neves, além de Aníbal Cabrita, Jorge Lopes, Rui Morrison, Ricardo Saló e outros, ligados à rádio.
Obviamente, seria falta grave não mencionar o semanário Sete, neste panorama. Ou O Jornal, onde começou a escrever crónicas de discos e músicos, o único crítico verdadeiramente inovador, na escrita e no conceito, que alguma vez tivemos nestas últimas décadas, em Portugal: Miguel Esteves Cardoso.


terça-feira, 9 de outubro de 2007
Os jornais de música
Porém, logo em 1971, nascia o jornal quinzenal, sem variações de cor, Disco, música e moda. O modelo, graficamente e por assuntos, era o inglês Disc, and music echo.
O primeiro número, dedicava a capa aos Crosby Stills, Nash & Young e ainda aos Rolling Stones e a Elton John, três pesos-pesados da música pop/rock.
O aparecimento da imprensa musical em Portugal, no entanto, foi precedido das páginas avulsas sobre o assunto, nos jornais diários, particularmente o Diário Popular, às sextas-feiras, com o suplemento Top Ten.
Em 15 de Abril de 1971, comprei o primeiro número do Disco, música & moda. Por causa de uma capa dedicada aos Beatles e com um convite na própria capa, aos leitores, para escreverem sobre o grupo, até ao mês seguinte. Desconheço o que se passou ( talvez o ié-ié, possa ajudar), porque o número seguinte do jornal que voltei a comprar, foi o de 1 de Setembro de 1971, já o 15º e por causa da reportagem sobre o festival de Vilar de Mouros, ocorrido no início desse Verão.
Vilar de Mouros, foi um happening, para quem esteve presente a apreciar cantores e grupos que nunca por cá haviam passado. Elton John, ainda na fase inicial da carreira e com Your song na bagagem hospedou-se num hotel de Viana do Castelo e ninguém o viu, antes do espectáculo, 30 quilómetros mais a norte. Mas deu que falar o ambiente de nova onda, vinda de fora e com reflexo nos costumes. Nessa altura, o sinal mais visível, era o cabelo comprido e a roupa de ganga. Depois, vinha a música. Quase toda de expressão anglo-saxónica e com intérpretes bem narcados, com os Beatles e os Rolling Stones à frente do longo combóio nas mudanças de costumes e algumas mentalidades.
O jornal Disco, voltou a interessar no número 18, porque trazia pela primeira vez uma capa a cores, com Johnny Cash como vedeta e a música country e ainda um poster do artista, como pretexto para um artigo de Hélio de Sousa Dias. Cash, cantava A boy named Sue, já antiga e ainda I walk the line, com as onomatopeias estaladas na guitarra acústica.
Depois disso, em Portugal, a imprensa musical só voltou a ser notícia, em Fevereiro de 1977, com o aparecimento da revista Música & Som, dirigida por António L. Mendonça, escrita por A. Amaral Pais e com colaboradores do tomo de José Niza, Manuel Cadafaz de Matos, João de Menezes Ferreira, João David Nunes e Jaime Fernandes, estes dois últimos, bons apresentadores e locutores de rádio, como jamais houve depois deles. A revista começou com 30 mil exemplares.
O Disco, música & moda, em 1971, não venderia tanto e tinha como curiosidade, o facto de ter como director adjunto, um certo Ruben de Carvalho, actual prócere do PCP, segundo tudo indica.
Jornal Diário Popular de 16.10.1970 e 31.12.1971:
domingo, 7 de outubro de 2007
A guitarra acústica
Não recordo que discos, mas sem dúvida que alguns dos Crosby Stills Nash & Young, ou dos seus elementos a solo, particularmente Neil Young e Graham Nash. O Lp Harvest, de Neil Young, de 1972 era uma referência na música acústica, particularmente a sonoridade seca e vibrante de uma particular guitarra cuja marca nem conhecia, mas que era diferente de outras que também se ouviam.
Também a exposição ao género country, passado com frequência nas ondas da Rádio Comercial , por Jaime Fernandes, contribuiu para educar o ouvido na distinção dos sons provindos das cordas metálicas em caixas de madeira.
Em certa altura do ano de 1975, tomei a decisão firme de arranjar uma guitarra, comprando um modelo que me agradasse.
Para isso, passei a pesquisar nos anúncios e fotos de revistas, a guitarra que me interessava.
Até essa altura, em Portugal, eram raras as guitarras acústicas, com formas americanas. Viam-se em espectáculos ao vivo, em Portugal, guitarras de tipo espanhol, com cordas de nylon.
No entanto, as guitarras que se ouvem nos discos dos anos setenta, na música portuguesa, já soam como americanas, ou japonesas, incidentalmente.
A forma particular da guitarra americana, produz um som diverso e mais límpido, por causa das cordas metálicas, em bronze ou aço.
Nessa altura, uma guitarra americana, em Portugal, original ou mesmo uma imitação, era algo que pura e simplesmente não se encontrava à venda, devido às restrições nas importações. Além disso, tirando uma ou outra loja de artigos musicais, não havia mercadorias do género. A Valentim de Carvalho ou a Ruvina do Porto, comercializavam alguns instrumentos, mas guitarras acústicas, desse género, só me lembro de ver as japonesas Yamaha e nem todos os modelos.
Logo, o sítio onde se poderia encontrar algo com interesse, era a…Espanha.
Foi por isso, com grande expectativa que abalei, num dia de Outubro de 1976, até Vigo à procura do Eldorado em forma de loja de instrumentos musicais e à espera de encontrar uma Epiphone em conta, pela qual ficara apaixonado só de a ver em anúncio ou uma Morris também por conta das imagens de anúncio e que imitava na perfeição a mais perfeita das guitarras: a Martin D-45, no modelo construído nos anos 40, antes da guerra e que era o instrumento preferido dos músicos dos C.S.N& Y.
Sabia exactamente como queria o braço e as mecânicas das cordas; as incrustações que desejava ver; o tipo e desenho específico de tampo e corpo do instrumento, bem como o tamanho exacto da caixa de ressonância e a forma arredondada com as particularidades simétricas do desenho específico, ao milímetro.
Assim, numa das ruas da velha cidade galega, encontrei o sítio da busca: uma loja de instrumentos com várias guitarras expostas num armário de parede, a toda a largura e altura. Os olhos de conhecedor amador, saltaram de modelo para modelo, para encontrar o ideal, para o dinheiro disponível.
Levava na memória a lição aprendida na leitura de um antigo jornal Melody Maker, de 1975. Demorar na escolha; olhar para todos os pormenores, apreciar o som, reparar na distância das cordas ao braço e atender à perfeição da construção. Nenhuma guitarra soa da mesma maneira, porque a madeira não é um material estável, embora o som de alguns modelos seja rapidamente identificado pela sua particular natureza.
Nenhuma daquelas por que ansiava, estava lá, dependurada no armário de vidro. Aliás, nem sequer eram conhecidas, mas encontrei uma que me satisfez e agora, passados trinta anos, sei que foi uma boa escolha.
Havia duas ou três, passíveis de escolha, pelo preço e pelas características. Depois de mirar, remirar, completamente fascinado pelo panorama, dedilhar em modo principiante ainda sem calo nos dedos, ouvir o som demoradamente e mesmo desafinado, a ressoar na caixa de madeira, procurando a imitação mais perfeita do som em disco que costumava ouvir e depois de olhar para os modelos, comparando-os com as referências originais, escolhi: uma Kiso-Suzuki, de fabrico japonês, imitação das americanas da C.F.Martin, a referência máxima nesse tipo de instrumentos. Ainda hoje é uma magnífica guitarra e as referências colhidas na Rede, confirmam junto de outros compradores da mesma época que essa guitarra, foi o resultado de uma produção feliz, dos japoneses, ávidos de entrar no mercado europeu, nos anos setenta, com imitações das guitarras americanas. Como aliás se pode ler, aqui.
Nas imagens que seguem, a história da descoberta de um objecto fantástico que obriga a uma disciplina árdua, para se retirar todo o prazer do seu uso.






