terça-feira, 2 de abril de 2013

Zappa- Joe´s Garage Acts I II & III

Em finais de 1979 sairam mais dois lp´s de Zappa, um deles duplo, possivelmente só ouvidos no ano seguinte e que gravei provavelmente em 1981.
Joe´s Garage, act I, em Setembro desse ano  e passados meses, o Acts II & III, foram também originalmente publicados na etiqueta Zappa Records, como Sheik Yerbouti e continuam o estilo temático e agora um pouco mais conceptual, com a música na senda daqueloutro.

São discos cuja gravação acompanha a qualidade daquele e o primeiro tema do Act I dava a tonalidade aos discos: uma apresentação em voz abafada electronicamente de uma ficção em que um fantasmático "central scrutinizer" se encarrega de proibir a música por se ter tornado fonte de crise económica e social.
O tema dá asas a Zappa para se alargar nas sátiras habituais à organização política e social, com destaque para a televisão embrutecedora e cretinizante.
A música do tema ginga bem e com suficiente balanço para fazer esquecer o assunto porque o que fica no ouvido é a expressão Joe´s Garage e a guitarra pontilhante, acompanhado de coros e saxofone dissonante., para além da restante instrumentação, excelente e do melhor que Zappa produziu em música popular.
É aqui que aparece outro conceito idiossincrático de Zappa: "informação não é conhecimento; conhecimento não é sabedoria; sabedoria não é verdade; verdade não é beleza; beleza não é amor; amor não é música. Música é o melhor".
No primeiro disco surge ainda uma contraposição ao tema "Jewish princess" de Sheik Yerbouti, com "Catholic Girls", um dos temas fortes do disco, embora mais suave que o outro.
Os discos têm uma particularidade técnica: todos os solos de guitarra, com excepção de um no tema Watermelon in Easter Hay, são "xenócronos, ou seja enxertados nas gravações das canções e vindos de outras gravações ao vivo anteriores, designadamente de espectáculos de 1979.
As capas dos discos são fotografias de Norman Seef com um close-up da cara do músico pintada de preto e com uma esfregona no primeiro e no segundo a ser maquilhado de preto.
Os temas variados e as melodias infiltravam-se facilmente no ouvido e por isso gravei uma parte do Acts II & III, precisamente os primeiros temas, com Token of my extreme e os outros a seguir numa cassete que julgo terá sido já em 1981ou mesmo 82. Daí que estes discos e música sejam verdadeiramente a introdução musical de Zappa aos anos oitenta. E a gravação será das primeiras efectuadas com música ouvida no rádio da altura, na aparelhagem Grundig que foi a primeira que comprei com dinheiro que ganhei do meu trabalho.A gravação aparece em mono/stereo porque a captação via rádio não era das melhores, por vezes, o que fazia perder o sinal. Mas continua a ser uma boa gravação de Token of my extreme.
No outro lado da cassete aparece a gravação de um outro disco excelente e dos que mais aprecio da música popular: Jorma Kaukonen, num disco de 1974 que só nessa altura conheci.

Em 13 de Dezembro de 1979 a Rolling Stone publicava este anúncio aos discos entretanto reunidos em caixa, embora saídos em separado naqueles meses anteriores, ao mesmo tempo que fazia uma recensão aos discos em artigo dedicado e muito favorável.


Os discos originais aqui mostrados já foram arranjados há pouco tempo, porque inicialmente comprei a caixa de cd´s que continha os mesmos e ainda publicada em 1990 pela etiqueta de Zappa records ( antes do negócio com a Ryko) embora sejam fruto de rematrização digital operada em 1989 por Bob Stone, com a participação de Zappa. A gravação dos discos é toda de estúdio com a maior parte dos soloes de guitarra xenócronos.



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