quarta-feira, 20 de março de 2013

Frank Zappa, os discos do final dos setenta

A música de Frank Zappa durante o ano de 1976 tornou-se motivo de interesse e resultou no desenho em que representava além do mais, a discografia publicada até então, na sua maior parte completamente desconhecida para mim, porque além do mais não havia disponibilidade de discos ou reedições ou ainda passagem no rádio desses discos antigos.
A música de Zappa, anterior a Overnite Sensation, era um completo mistério, para mim. Ainda assim alimentava esperanças de a vir a conhecer, o que só ocorreu alguns anos depois.
Na verdade, alguns dos discos ainda nem os conheço integralmente e na versão original, como acontece com Cruisin with Ruben & the Jets ou Fillmore East 71. E a maioria dos primeiros conheço a versão em cd, saída já no início dos anos noventa, editada pela Ryko Records com autorização e rematrização dos originais por Frank Zappa himself. Alguns lp´s foram entretanto publicados com a rematrização digital tornada possível no final dos anos setenta, particularmente os que sairam em caixas intituladas Old Masters e que abrangeram a totalidade da produção discográfica até Zoot Allures e que foram publicados em três recolhas, entre 1985 e 1987. 
Porém, em 1976, saídos já os três discos fundamentais, na época, para mim ( Overnite Sensation, Apostrophe (´) e One size fits all) nem me dei ao cuidado de ouvir os restantes, como Bongo Fury, saído em 1975 e cuja crítica não me pareceu positiva. O disco, porém, para além de ser o preferido de Vaclav Havel, o presidente checo já falecido e grande fã de Zappa, só o conheci recentemente na versão original e vale a pena ouvir, claro está, porque é um bom disco de Zappa.

A música de Zappa, deste modo, fui-a conhecendo lendo artigos das revistas francesas que periodicamente consagravam algumas páginas ao compositor, geralmente por ocasião de visitas do mesmo para concertos em França e na Europa.
A edição de Fevereiro de 1978 da revista Best consagrava várias páginas ao artista, tendo um repórter da mesma se deslocado a Laurel Canyon em visita à casa de Zappa, fotografando ensaios, locais e tendo-o entrevistado em conversa longa. Na altura impressionou-me o modo de vestir do mesmo, com roupa que só anos mais tarde chegou à Europa.


O jornal NME de 22 Abril 1978 publicou este anúncio a um disco de Zappa, ao vivo em Nova Iorque. Só ouvi o disco, integralmente, em lp e cd, recentemente, tendo sido um disco com uma história particular. Foi gravado ao vivo em finais de 1976 e publicado em princípios de 1978. A versão primitiva continha uma canção- Punky´s Whips- considerada demasiado ousada em termos de costumes e foi censurada levando à retirada dos discos do mercado, tendo sido vendido alguns milhares que agora se trocam no ebay, de vez em quando, por quantias relativamente elevadas, por serem de coleccionador. A versão em cd, porém, tem toda a versão original do lp que por outro lado serviu para outro projecto de Zappa, intitulado Läther, de 1977, um álbum que seria composto por quatro lp´s  e que não  chegou a ser publicado em vida do compositor, mas apenas em 1996, em três cd´s e que é a recolha máxima, o melhor best of de Zappa, apenas com recurso a composições da primeira metade da década de setenta e que viriam a figurar em álbuns posteriores do final dos setenta ( Studio Tan, Sleep Dirt, Orchestral Favourites e Zappa in New York). A história de Läther foi contada por Zappa diversas vezes e resultou de um desentendimento grave com a editora Warner Brothers a quem entregou no início de 1977 os quatro discos que seriam para publicar em álbum com esse título e a editora recusou, levando a um longo conflito profissional entre o compositor e essa editora e a publicação dispersa e sem autorização expressa de Zappa dos discos Zappa in New York, Studio Tan, Orchestral Favourites e Sleep Dirt, cujas capas também não tiveram a supervisão do artista.
Quanto à qualidade sonora dos mesmos, comparando-a com a versão em cd agora publicada ( em 1996 e apenas em cd, embora também em vinil, mas apenas no Japão) há algumas diferenças de vulto, quanto às misturas  de certos instrumentos e a inclusão de temas que provieram de outras fontes, como de uma cassete publicada por Zappa com a colaboração da revista Guitar World ( o título é precisamenre The guitar world according to Frank Zappa) em 1987. A música desta cassete, possível de recolher no you tube, é simplesmente excelente. Os lp´s igualmente excelentes, com destaque para Orchestral Favourites que alguns porém, consideram ter um som mais fraco que o cd publidade posteriormente. Não comparei ainda, sendo certo que o lp me parece excelente.

Em Fevereiro de 1978 a revista Rock & Folk dava-lhe algumas páginas.

Assim como em Novembro desse ano recenseava o disco Studio Tan, um dos que deveria compor Läther e que foi tomado pela revista como um regresso ao passado glorioso dos discos excelentes de Frank Zappa.
Foi este disco que me entusiasmou na altura por causa de uma peça musical  que ocupa todo o lado um do disco: Greggery Peccary, uma excelente composição zappiana e provavelmente a sua melhor peça, tudo conjugado. É uma peça musical que tenho ouvido dezenas de vezes sem me cansar e sempre com algo de novo que aparece aqui e ali, instrumentalmente.

Em Março de 1979 a mesma revista dedicou algumas páginas à recensão crítica de todos os discos de Zappa publicados até então, cerca de 24 sem contar com os "piratas".
Na altura, a leitura concentrou-se obviamente nos discos que já conhecia e num ou noutro aspecto de críticas menos favoráveis a discos que agora entendo são igualmente bons e imprescindíveis para audição cuidada e repetida, como Bongo Fury ou Orchestral Favourites, ou mesmo Sleep Dirt.

Relativamente a este disco, lembro-me de o ouvir em Coimbra, em 1979, altura em que saiu por cá, na discoteca Vadeca perto do largo da Portagem e com uma qualidade que nunca mais esqueci a referência sonora.

Em Junho de 1980 nova capa da revista.

E em Fevereiro de 1982 idem, a propósito da visita de Zappa a França, com  artigo sobre os novos projectos do compositor, nomeadamente um álbum triplo instrumental e com solos de guitarra que se vendeu por via postal, apenas, nos EUA: Shut up and play your guitar, título genérico do álbum 3 record set.
O artigo da revista era de Jean-Marc Bailleux, um dos críticos cujo gosto musical mais apreciava.


Assim começaram os eighties...e estas são as capas dos discos que os precederam. Os últimos quatro deveriam integrar o projecto do álbum Lather. Bongo Fury saiu em Outubro de 1975; Zoot Allures, em Outubro de 1976; Zappa in New York em Março de 1978; Studio Tan, em Setembro de 1978; Sleep Dirt, em Janeiro de 1979 e Orchestral Favourites em Maio de 1979.  Estes quatro discos foram todos publicados à revelia de Zappa e não tiveram a intervenção do músico na concepção da capa, motivo porque à excepção de Zappa in New York, não têm letras ou referências aos músicos intervenientes.
Em Março desse ano tinha saído também Sheik Yerbouti, porém, sendo um disco publicado por Zappa, na nova etiqueta Zappa Records ( a que actualmente tem republicado em cd a discografia) é já um disco das década seguinte e terá atenção devida porque é um dos melhores do compositor.



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