Não me lembro exactamente quando ouvi a música de Frank Zappa pela primeira vez, mas tenho uma vaga recordação de ter ouvido falar na personagem antes de ouvir a música. Tudo por causa de um célebre poster monocromático em que Zappa aparece sentado numa sanita com ar descontraído e a olhar para o observador.
Por volta de Abril de 1971 saiu esta revista alemã, Pop, que se vendia por cá e aparecia nos quiosques. Provavelmente vi-a porque foi nessa altura que o meu interesse na música popular despertou com grande entusiasmo por tudo quanto era novidade.
O poster que a mesma trazia- farb super poster, como era costume com essa revista e principal argumento de venda, por cá- era do tamanho de meia porta ( oito vezes o tamanho da revista- 57x 83 cm).
A figura de Zappa, de bigode e mosquinha era bizarra só por si. A música era outra coisa.
Foi talvez por volta de 1974 que ouvi pela primeira vez um disco de Zappa que me impressionou musicalmente e terá sido Overnite-Sensation, saído em finais de 1973.
Na altura, a crítica que li na revista Best, francesa e concorrente da Rock & Folk, dava pouco a entender sobre o género musical de Zappa, mas suscitava curiosidade.
Em Março de 1974 a revista Cinéfilo dirigida por Fernando Lopes trazia um artigo desenvolvido sobre a história de Frank Zappa e os Mothers of Invention, por ocasião da saída desse disco e assinado por José Nuno Martins. A imagem da página dupla representava a capa e contra-capa do disco. Deve ser a edição inglesa do mesmo, uma vez que na lombada é perceptível ( na imagem original da revista e não aqui porque a resolução não é suficiente) a indicação à Warner Bros Records, mas com uma indicação prévia de letras indecifráveis e que a edição original, americana, não tem, uma vez que só refere "Warner Bros Records Printed in USA".
Sobre a paginação do Cinéfilo deve dizer-se que era fabulosa, em Portugal, nessa época. De tal modo que não houve depois mais nenhuma publicação que lhe chegasse aos calcanhares gráficos e artísticos. Uma revista de culto, portanto e a que um dia destes dedicarei um postal inteiro.
Ainda em 1974, em Junho, a revista americana National Lampoon ( que comprava essencialmente por causa do aspecto gráfico, das publicidades e comics) trazia um anúncio de página ao álbum seguinte, Apostrophe (´) e devo ter ouvido algumas músicas do disco no rádio da época.
Em Outubro desse ano quando comecei a comprar a Rock & Folk, a
revista trazia um artigo desenvolvido sobre Zappa, com entrevista, por
ocasião de espectáculos que o mesmo dava em Paris.
A entrevista revelava coisas de Zappa que faziam jus à bizarria da imagem e tornava-se apelativo ouvir a música do excelente overnite-sensation, mais o entretanto saído Apostrophe (´) musicalmente do mesmo género, um rythm & blues bem esgalhado e de qualidade superior.
Não conhecia nada da música anterior de Zappa, apesar de ter lido em 1973 o artigo aparecido na revista Cinéfilo.
Estava por isso preparado para ouvir um dos melhores músicos de sempre da música popular e que hoje me encanta com quase todos os discos e são às dezenas, incluindo experiências em música dodecafónica e unicamente instrumental.
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