Esta imagem é um anúncio aos livros RTP, lançados pela editora Verbo em parceria com a estação de televisão em 1970. O anúncio foi publicado na revista Observador de 3 de Dezembro de 1971 e nessa altura os livros já iam nº 56, com A Vida é Sonho de Calderón.
O primeiro volume, Maria Moisés, de Camilo Castelo Branco, saiu em 6 de Novembro de 1970 e custava 15$00, sendo oferecido o segundo volume.
Vale a pena saber a história deste lançamento inédito em Portugal, no começo dos anos 70 do século que já passou. Tirada daqui:
Os Livro RTP são actualmente considerados um case study , estudado por
muitos especialistas da área, pois os valores de tiragem que foram
alcançados e as proporções que o projecto acabou por tomar foram
completamente inéditos para a época.
Esta colecção foi o maior
espéctaculo que jamais uma editora nacional proporcionou ao público
português! Ainda hoje, passados mais de 30 anos, em todas as feiras de
livros usados
e alfarrabistas, sem excepção, encontramos Livros RTP .
Em 1970, em
colaboração com a RTP, a Editorial Verbo lança a Biblioteca Básica Verbo
– Livros RTP , uma colecção de livros de bolso. A ideia surge de uma
experiência idêntica que se havia realizado, com grande sucesso, em
espanha, com a televisão espanhola e uma editora madrilena.
O então
Presidente da Direcção da RTP, depois de uma viagem a Espanha, vem muito
entusiasmado com a ideia e é dirigido um convite à Verbo para ser a
editora portuguesa a participar neste projecto.
Tratava-se de uma acção
completamente inovadora no mercado português, da qual jamais, na altura,
se teve noção da dimensão que o empreendimento iria tomar e na qual
todos os detalhes foram cuidadosamente trabalhados. Foram estudados
incansavelmente cada um dos 100 títulos a incluir; a periodicidade,
acabando por se optar pela semanal; o papel a utilizar nos livros; a
cartolina das capas; o tipo de letra; o formato do livro; o grafismo das
capas (da autoria de Sebastião Rodrigues, o pai do design gráfico
português) e a distribuição.
Também na distribuição este projecto se
revelou extremamente inovador. Montou-se uma rede de distribuição
inédita, com 3500 pontos de venda
(note-se que então o número de livrarias registadas não ultrapassava o
600), para o abastecimento dos quais a Editorial Verbo teve que reforçar
a sua frota de transporte com oito novos furgões. O nosso slogan
interno foi que tínhamos que ter um ponto de venda, devidamente
abastecido, junto de cada televisor existente em Portugal.
No fundo, o
que se fez foi vender livros em locais onde tal nunca tinha acontecido
antes, tais como quiosque e tabacarias, muito à semelhança das novas
tendências do mercado .
Também toda a publicidade a fazer na televisão e
que era da responsabilidade da RTP, foi connosco discutida, estudada,
realizada e programada. A Editorial Verbo previu quase tudo pensado que
tinha previsto tudo e imprimiu 50.000 exemplares dos dois primeiros
volumes (o segundo livro era oferecido na compra do primeiro).
O que não
previa era que esses 50.000 exemplares se iriam esgotar na própria
manhã do dia do lançamento, 6 de Novembro de 1970, e que as pessoas os
disputariam a murro nos armazéns da editora, a ponto de impedirem a
entrada a um dos administradores da Verbo, porque as centenas de homens e
mulheres que formavam fila para serem abastecidos pensaram que ele lhes
ia passar à frente e tirar o lugar!
Dos dois primeiros volumes - a
novela Maria Moisés , de Camilo, e 100 Obras –Primas da Pintura Europeia
– acabaram por se imprimir, à lufa-lufa, e vender 230.000 exemplares de
cada. Em Outubro de 1972, do 100º título, Os Lusíadas , ainda se
venderam mais de 100.000 volumes.
Ao todo, durante aquelas cem semana,
foram colocados em casa dos portugueses, ao preço de 15 escudos cada,
mais de 15 milhões de livros, num país maioritariamente iletrado. E Bem
necessários eles eram!: numa entrevista de rua que precedeu o
lançamento, respondeu assim um transeunte ao repórter da televisão
«Camilo castelo branco?, conheço, sim senhor; branco e tinto: Camilo Alves... sim senhor, mas eu prefiro Colares!»...
Passados uns meses, em Abril de 1971 a editora Europa-América editava por sua vez uma colecção de livros de bolso com outro encanto gráfico e de apresentação. Comecei logo a coleccionar...porque tinha falhado aqueles da RTP.
1 comentário:
quem é o autor das capas dos livros de bolso europa-américa, q as desenhou até +/- o nº70? por acaso sabe?
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