terça-feira, 16 de agosto de 2011
Disco, música & moda,
Imagem do jornal Disco, Música & Moda de 1 Setembro de 1971, na qual se pode ver o top 20 do momento. Enquanto os ecos de Vilar de Mouros, cerca de um mês antes, ainda se faziam sentir em que viveu o acontecimento, a música que se ouvia no rádio, na onda média e fm era a usual, comercial e sem interesse por aí além.
Demis Roussos, na época e depois de Spring Summer Winter and Fall, era presença assídua nos tops, o que ainda duraria mais alguns anos, reflectindo-se no primeiro lugar no Top, com We shall dance.
Os discos eram esses, a música era esta e a moda eram as calças de ganga da Lois, de marca espanhola, porque as Levi´s de ganga eram produto raro, por cá. Havia de bombazina, de muito boa qualidade e que apreciava como produto de moda desejada. Em cores escuras como azul e o verde ou mesmo preto, eram ainda de perneira estreita, antes da "boca-de-sino" que apareceriam dali a uns tempos.
Esta moda, tal como as demais, vinham sempre do estrangeiro e os primeiros a mostrá-la eram os emigrantes que regressavam ao país por ocasião do Natal ou das férias de Verão. Alguns meses depois lá apareciam essas roupas por cá, generalizando-se o consumo.
As calças Levi´s de bombazine duravam que se fartavam e aguentavam lavagens em água , sucessivas e sem se estragarem muito. A etiqueta que segue é das primeiras Levi´s e até tem o preço da altura: 275$00, um balúrdio para a época porque as Lois custavam quase metade disso, numa época em que a inflação a valer só se sentiria uns poucos anos mais tarde.
( a imagem das calças é tirada da rede e não é de época, mas a qualidade visível do tecido aproxima-se à do original que me lembro e nunca mais encontrei. A etiqueta, branca, também confere com a desse tempo ).
Seja por efeito do tempo ( a minha adolescência) seja pelo valor real da mercadoria, essas calças de antanho ainda hoje me fascinam como produto industrial, pelo design, pela qualidade do tecido e pelo valor de uso derivado da moda de então.
As Lois eram mais baratas e vinham com o algodão por coçar, pelo que exigiam várias lavagens, no tanque, para desbotarem e ficarem como deviam num tempo em que ainda não tinha sido comercializado em Portugal o jean desbotado de fábrica.
Esta etiqueta com foto abaixo poderá ser das primeiras Lois que tive. E que foi precisamente nesta altura, há quarenta anos. A imagem abaixo, tirada da rede, mostra um exemplar dos anos oitenta, ainda muito parecido ao de dez anos antes.
O valor iconográfico desta simples peça de roupa, de ganga, liga-se a um fenómeno que os soviéticos conheciam muito bem: o desejo de pertencer a um mundo cuja civilização invejavam de alguma forma e por isso mesmo a quem visitasse o país era oferecido um valor exagerado pelo simples par de calças jeans que o turista trouxesse.
Por cá, em Portugal e nessa época, o cerco civilizacional não era tão largo, pelo que se podia quase imitar o que lá fora se passava nos grandes centros da Europa e do mundo ocidental. As modas vindas quase exclusivamente do exterior, como ainda hoje, demoravam uns poucos meses a cá chegar mas chegavam. Hoje em dia o fenómeno está esbatido e duvido que alguém que não tenha vivido esse tempo se aperceba do fenómeno e seu significado.
Ainda assim lembro-me de ler um artigo sobre este assunto em que um francês dizia que era difícil encontrar calças de ganga Levi´s em Paris, no final dos sessenta.
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1 comentário:
Olá, amigo,
certo, mas em relação à "Spring Summer Winter and Fall", esta era assinada pelo grupo, não por ele (apenas).
:)
Abraço cá de Braga.
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