Uma das coisas que me dá maior gozo intelectual, é recordar o modo como descobri as revistas que escreviam sobre música popular, em meados dos anos setenta.
Ao passar a ouvir música popular de um modo contínuo e numa época em que as novidades mensais eram de vulto e muitas delas ficaram na história da música como obras inultrapassáveis, as revistas que mostravam imagens dos discos, dos artistas e recenseavam os lançamentos, tornaram-se obrigatórias.
Depois de no início dos anos setenta ter passado a ler o jornal Disco, musica & moda e a Mundo da Canção, onde se escrevia sobre o assunto, copiando muitas vezes os artigos das revistas estrangeiras e se publicavam letras das músicas, o interesse alargou-se para os originais, escritos em francês ou inglês.
A Rock & Folk, saída em França em 66-67, aparecia por cá e vendia-se nos quiosques ao lado daqueloutras.
Entre os primeiros números que me lembro de ver dependurados dos fios de jornais e revistas, presos com molas de pôr roupa a secar, há um que não esquece: aquele de 1973 em que aparecia a foto de Bob Dylan, no filme Pat Garrett and Billy the Kid. Apareceu no final do Verão, em Setembro de 73 e nessa altura como andava também interessado na banda desenhada franco-belga, tendo descoberto o Pilote, a ficção científica e as obras de Moebius, não comprei logo. Além disso, os músicos que apareciam na capa, nesses meses a seguir não eram suficientemente apelativos para tal.
Só em Novwmbro de 1974, quando andava numa onda de Crosby Stills Nash & Young, muito por causa dos álbuns a solo de Neil Young, Graham Nash e Steve Stills, dei comigo a comprar o primeiro número da Rock & Folk, à venda na livraria Bertrand e exposta na porta de vidro. O número anterior, ( com Jerry Garcia na capa) ainda se encontrava à venda e depois de ter comprado aquele, dei mais 47$50 pelo outro.
Muitas vezes me pergunto como arranjava dinheiro para essas revistas que apesar de mensais importavam numa maquia considerável para um pobre estudante que era. Muito tenho que agradecer ao meu pai que nunca se furtou a esmolar esse gasto.
Por causa da Rock & Folk, descobri a Rolling Stone que era mensalmente citada numa página da revista intitulada Boogie Woogie e que partes das entrevistas ou a notícia da mesmas.
Por causa disso, a Rolling Stone passou a ser outra das revistas ( em forma de jornal A3 e papel do género, com um cheiro característico que não desapareceu com o tempo) que folheava, também na Bertrand desse tempo.
Só em Abril de 1975 o número exposto me chamou a atenção por trazer o actor Peter Falk na capa, na altura um sucesso de tv a preto e branco com a série Colombo, um detective singular e que precisávamos de ter por cá para resolver certos imbroglios.
Nesse número vinha ainda uma reportagem sobre a reabertura do processo da morte de Kennedy em Dallas, por ter sido descoberto na época algo inédito nos filmes que então se fizeram. Os fotogramas de um desses filmes ( Zapruder) vinham alinhados de modo interessante o que me despertou para o grafismo da revista, muito inovador para a época. Ainda assim, passei e não comprei. Lembro-me de ter hesitado muito, mas o preço era demais, a juntar às outras.
Mas foi por causa desse número que não comprei que se formou uma obsessão, meses depois, em arranjar a revista na altura em que a mesma já não aparecia na Bertrand por motivos que me ultrapassavam. Talvez a política económica da época, de restrição de importações, por força da bancarrota ( a primeira) em que estávamos prestes a entrar, tenha sido a causa. Não sei ao certo porque a vinda da revista era muito irregular e assim foi durante vários anos.
Porém, a partir do Verão de 75 andava obcecado em arranjar um número da mesma. Porém, só em Outubro de 1975, já em Coimbra par aonde fui estudar, consegui encontrar o primeiro número da revista. Uma capa com o caso Patty Hearst, com uma ilustração plagiada voluntariamente a Wyeth.
Desde então passei a comprar a revista mas por pouco tempo. Como a periodicidade era quinzenal, os 37$50 que então custava representava um custo significativo ao fim do mês. E logo a seguir ao segundo número que comprei, desapareceu dos quiosques.
Durante meses, perguntei todas semanas pela revista. Nada de nada. Em Julho pedi a um amigo que foi a Paris, para me trazer de lá um número - o que tem a figura de Paul Simon na capa. Uma maravilha quando a recebi, conjuntamente com o número 7 da revista Métal Hurlant que então saía em França e não aparecia por cá.
Folheei tantas vezes esses números dessas revistas que me apetece por vezes publicá-las e comentar cada página, porque assim poderia fazê-lo.
Por cá, só em Novembro de 1976 apareceu outra vez, com um número que aparece na foto em baixo, à esquerda. E já com o preço de 47$50, por obra e graça da inflação.
Como a Rolling Stone não aparecia, havia outra que se expunha nos quiosques e tinha conteúdo semelhante: Crawdaddy. Desde Fevereiro de 1976, com o primeiro número dedicado a Paul Simon ( na ocasião de Still crazy after all these years) que passei a comprar o gato Crawdaddy em vez do cão Stone.
E fiquei adepto das duas e por isso as publico aqui.
Ao passar a ouvir música popular de um modo contínuo e numa época em que as novidades mensais eram de vulto e muitas delas ficaram na história da música como obras inultrapassáveis, as revistas que mostravam imagens dos discos, dos artistas e recenseavam os lançamentos, tornaram-se obrigatórias.
Depois de no início dos anos setenta ter passado a ler o jornal Disco, musica & moda e a Mundo da Canção, onde se escrevia sobre o assunto, copiando muitas vezes os artigos das revistas estrangeiras e se publicavam letras das músicas, o interesse alargou-se para os originais, escritos em francês ou inglês.
A Rock & Folk, saída em França em 66-67, aparecia por cá e vendia-se nos quiosques ao lado daqueloutras.
Entre os primeiros números que me lembro de ver dependurados dos fios de jornais e revistas, presos com molas de pôr roupa a secar, há um que não esquece: aquele de 1973 em que aparecia a foto de Bob Dylan, no filme Pat Garrett and Billy the Kid. Apareceu no final do Verão, em Setembro de 73 e nessa altura como andava também interessado na banda desenhada franco-belga, tendo descoberto o Pilote, a ficção científica e as obras de Moebius, não comprei logo. Além disso, os músicos que apareciam na capa, nesses meses a seguir não eram suficientemente apelativos para tal.
Só em Novwmbro de 1974, quando andava numa onda de Crosby Stills Nash & Young, muito por causa dos álbuns a solo de Neil Young, Graham Nash e Steve Stills, dei comigo a comprar o primeiro número da Rock & Folk, à venda na livraria Bertrand e exposta na porta de vidro. O número anterior, ( com Jerry Garcia na capa) ainda se encontrava à venda e depois de ter comprado aquele, dei mais 47$50 pelo outro.
Muitas vezes me pergunto como arranjava dinheiro para essas revistas que apesar de mensais importavam numa maquia considerável para um pobre estudante que era. Muito tenho que agradecer ao meu pai que nunca se furtou a esmolar esse gasto.
Por causa da Rock & Folk, descobri a Rolling Stone que era mensalmente citada numa página da revista intitulada Boogie Woogie e que partes das entrevistas ou a notícia da mesmas.
Por causa disso, a Rolling Stone passou a ser outra das revistas ( em forma de jornal A3 e papel do género, com um cheiro característico que não desapareceu com o tempo) que folheava, também na Bertrand desse tempo.
Só em Abril de 1975 o número exposto me chamou a atenção por trazer o actor Peter Falk na capa, na altura um sucesso de tv a preto e branco com a série Colombo, um detective singular e que precisávamos de ter por cá para resolver certos imbroglios.
Nesse número vinha ainda uma reportagem sobre a reabertura do processo da morte de Kennedy em Dallas, por ter sido descoberto na época algo inédito nos filmes que então se fizeram. Os fotogramas de um desses filmes ( Zapruder) vinham alinhados de modo interessante o que me despertou para o grafismo da revista, muito inovador para a época. Ainda assim, passei e não comprei. Lembro-me de ter hesitado muito, mas o preço era demais, a juntar às outras.
Mas foi por causa desse número que não comprei que se formou uma obsessão, meses depois, em arranjar a revista na altura em que a mesma já não aparecia na Bertrand por motivos que me ultrapassavam. Talvez a política económica da época, de restrição de importações, por força da bancarrota ( a primeira) em que estávamos prestes a entrar, tenha sido a causa. Não sei ao certo porque a vinda da revista era muito irregular e assim foi durante vários anos.
Porém, a partir do Verão de 75 andava obcecado em arranjar um número da mesma. Porém, só em Outubro de 1975, já em Coimbra par aonde fui estudar, consegui encontrar o primeiro número da revista. Uma capa com o caso Patty Hearst, com uma ilustração plagiada voluntariamente a Wyeth.
Desde então passei a comprar a revista mas por pouco tempo. Como a periodicidade era quinzenal, os 37$50 que então custava representava um custo significativo ao fim do mês. E logo a seguir ao segundo número que comprei, desapareceu dos quiosques.
Durante meses, perguntei todas semanas pela revista. Nada de nada. Em Julho pedi a um amigo que foi a Paris, para me trazer de lá um número - o que tem a figura de Paul Simon na capa. Uma maravilha quando a recebi, conjuntamente com o número 7 da revista Métal Hurlant que então saía em França e não aparecia por cá.
Folheei tantas vezes esses números dessas revistas que me apetece por vezes publicá-las e comentar cada página, porque assim poderia fazê-lo.
Por cá, só em Novembro de 1976 apareceu outra vez, com um número que aparece na foto em baixo, à esquerda. E já com o preço de 47$50, por obra e graça da inflação.
Como a Rolling Stone não aparecia, havia outra que se expunha nos quiosques e tinha conteúdo semelhante: Crawdaddy. Desde Fevereiro de 1976, com o primeiro número dedicado a Paul Simon ( na ocasião de Still crazy after all these years) que passei a comprar o gato Crawdaddy em vez do cão Stone.
E fiquei adepto das duas e por isso as publico aqui.
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