sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Contar a sério, como foi.

A história da música portuguesa dos anos sessenta, aquém e além dos baladeiros, passa necessariamente por Pedro Osório. Ontem, foi com os académicos do Quinteto Académico, de 1967. Na pequena entrevista, Pedro Osório dizia: "Quem toca jazz, como nós, e como nós se preza de não o fazer mal, tem de achar pobre a substância musical do pop, tem de achar repetitivo, fácil."
Não terá sido por isso que o músico dedicou grande parte do seu esforço criativo, nos anos a seguir, a compor cançonetas de festival, uma das poucas formas de sobrevivência para quem se dizia músico.
Nas imagens que seguem, do Século Ilustrado de 9.3.1968, o cantor Carlos Mendes, "estudante de arquitectura e a cumprir o serviço militar", aparece ladeado pelas duas notáveis da época: Simone de Oliveira e Madalena Iglésias.





















As imagens referem-se a uma reportagem por ocasião da transmissão televisiva do V festival da canção, cujo vencedor, Carlos Mendes, com a canção Verão ( música de Pedro Osório), teve de competir com intérpretes como Mirene Cardinalli, Tonicha ( duas canções), Nicolau Breyner, J.M. Tudela, José Cid, Simone ( duas canções) e António Calvário.
Vale a pena ler as legendas das fotos, num ambiente "conta-me como foi". A tv no alto do palanquinho; os olhares oblíquos; a imagem a preto e branco da tv, onde se reconhece o trabalho do apresentador a contar votos expressos, vindos dos distritos do país e um retrato a sépia de espectadores atentos, num qualquer café de bairro, sem faltar o pormenor daquele que munido de apontamento de revista ( seria a Rádio & Televisão?), segue atentamente o evoluir das votações. Há várias pessoas de gravata, num café, à noite e a menção ao café, servido e acompanhado de três "bagaços". Bagaço assim, num café, hoje já não há.

5 comentários:

LPA disse...

O interessante de "Verão" é que era uma música do Quinteto Académico. Houve bronca na altura, porque só podiam ir ao Festival canções inéditas. Fizeram truque para carlos mendes a poder cantar.

LPA

josé disse...

De Pedro Osório, quer dizer...

O Pedro Osório deveria ser entrevistado para contar histórias sobre este período de ouro da música portuguesa.

E até acho que uma das pessoas melhores colocadas para lhe fazer uma belíssima entrevista, seria...LPA.
Acompanhado de um senhor rato e de um ou outro.

Estou convencido que a entrevista poderia ser publicada pelas revistas semanais, mas daria um bom livro.

Por mim, tenho algumas perguntas engatilhadas que lhe faria. Mas isso são contas de outro rosário e temo que ainda me incompatibilizava com a pessoa, porque não resisto a dizer o que penso e quanto ao Pedro Osório, transporia facilmente o período histórico para o oportunismo político.

Hélas.

josé disse...

Outro indivíduo importantíssimo, é o José Niza.
E o Carlos Cruz, inevitavelmente, por causa do Zip.

Esta coisa do Casa Pia, estragou irremediavelmente a imagem e possibilidade serena de conversar com ele sobre isto.
Não há hipótese.

LPA disse...

Mas o Pedro Osório estava no Quinteto e o Zé Alberto fazia as letras ("Nobody Else", "Train", "724710", por exemplo).

Ainda ontem o Zé Manel Fonseca (Quinteto) me disse que se fartaram de tocar essa música, reivindicando pró Quinteto a autoria.

LPA

josé disse...

Aqui há uns tempos estive com o Graça Moura (o músico) e perguntei-lhe directamente quem é que compôs o Page One que serviu de indicativo ao Página Um da RR, apresentado pelo Adelino Gomes ( ou pelo José Manuel Nunes e depois pelo Luís Filipe Paixão Martins). Disse-me naturalmente que tinha sido...ele.

Já li algures que era obra do colectivo...reivindicada por outro elemento dos Pop Five.

Aliás, os Pop Five são um grupo ausente desta recolecção de memórias.
E o Graça Moura era ( e é) um música de gabarito.