Bob Dylan fez 80 anos no outro dia e há dez anos escrevi umpostal sobre o aniversário do artista, para contar a história de uma canção que saíra em single no final do ano de 1971, ouvida por cá já durante o ano de 1972 e que fora a música que me deu a conhecer Bob Dylan em disco e a prestar mais atenção ao artista.
Para além disso e como motivo para tal, saíra também um
disco duplo de êxitos passados e abrangendo toda a carreira do músico e por
isso devo ter escutado no rádio algum deles, mas não me recordo, bem como não
dei conta da saída de tal disco.
Em 1971, a música rock, para mim, era apenas uma pequena
colecção de temas esporádicos de artistas nem sempre identificados, geralmente
de sucesso popular em discos que ouvia no rádio ou em sítios improváveis como a
rua, nas discotecas que então havia, dispersas nas cidades e que vendiam os
discos que saíam no mercado ou mesmo jukebox de café.
Havia ainda poucos gira-discos de qualidade na casa das
pessoas e os que existiam e conhecia apenas serviam para reproduzir em baixa
fidelidade os sons que então preenchiam a moda que a juventude adoptava e era
invasora, vinda do estrangeiro britânico ou americano, mas também francês,
italiano e espanhol. Um som mais ecuménico que o de hoje.
A música popular que passou de pop a rock, dos hippies ou
dos “beatles” tomou conta aos poucos de certas ondas sonoras no rádio da época
e eram tais programas que a juventude ouvia de preferência, já no final dos
anos sessenta, tornando-se mesmo um culto, para alguns.
Era por esse meio mais expedito do rádio que tais musiquinhas
eram ouvidas porque passavam e repassavam, criando habituação e interesse em
ouvir mais vezes, tornando-as sucessos populares.
A televisão ainda não era meio privilegiado de divulgação,
apesar de um ou outro programa, raro, mostrar de vez em quando os artistas da
moda.
A divulgação impressa de tal moda também era escassa em
Portugal, na época de final dos sessenta.
No Diário Popular de 15 de Janeiro de 1971, em edição que devo ter visto alguns meses depois, uma vez que já estava arrumada juntamente com outros para embrulhar coisas, havia este desenho originalmente publicado no Melody Maker, com alguns artistas cuja identificação então tive dificuldade em anotar, mesmo com a referência. E "Dilan", outra vez.
Igualmente do mesmo jornal, de 6.11.1970 e recolhido eventualmente na mesma altura, uma notícia e foto de Bob Dylan.
Começaram então a aparecer as publicações dedicadas ao fenómeno, como O Mundo Moderno, Mundo da Canção, Disco, música & moda, Musicalíssimo e mais tarde, já em meados dos setenta, Música & Som, todas em imitação do que melhor se fazia “lá fora”, naqueles países e que aliás também tinham começado em meados da década de sessenta, particularmente nos Estados Unidos, com o aparecimento da Creem, da Crawdaddy e da Rolling Stone , mais específicos de tal cultura do que as publicações tradicionais da indústria do espectáculo, como a Billboard ou a Cahsbox.
No Reino Unido havia já nas décadas anteriores o Melody
Maker e até o New Musical Express a que se juntavam o Sounds
ou Record Mirror, em tiradas semanais e que chegavam cá com algum atraso
mas a tempo suficiente para ilustrar os escribas da especialidade sobre os temas, artistas e fotos
a condizer.
Em tais países mais desenvolvidos economicamente e com maior
número de consumidores interessados no assunto, o panorama não diferia muito do
que se passava por cá, com as devidas proporções. Em meados da década de
setenta o conjunto de publicações inglesas dedicadas ao tema ultrapassava o
meio milhão de exemplares vendidos, destacando-se o NME e o MM.
Em função de tais amostragens recebidas por cá a música
popular foi-se tornando invasiva e determinante nos gostos e modas da
juventude. Apareceram as calças de ganga e a roupa destinada à juventude
autonomizou-se daquela dos adultos da geração anterior.
Foi exactamente durante o Verão de 1971 que comprei as primeiras calças de ganga, da marca espanhola Lois e que eram de uma ganga em algodão espesso e azul carregado que se desbotava facilmente em cada lavagem a ponto de deixar a água no tanque tinta dessa cor. Era um must usar as calças e envelhecer as mesmas à medida que se iam renovando.
Há 50 anos por esta altura os “tops” eram um compêndio de músicas populares que ficaram para a posteridade como clássicos do género. Basta ver esta tabela de Maio de 1971 publicada pelo jornal quinzenal Disco, música e moda.
Desde Janis Joplin à banda sonora do filme Love Story ou Rose Garden de Lynn Anderson, passando por Immigrant Song dos Led Zeppelin e o disco All things must pass de George Harrison ou Oye como va, dos Santana e Lucky Man dos ELP, todas as músicas se tornaram memoráveis ao longo das décadas que entretanto passaram.
Tudo isso aconteceu há um pouco mais de 50 anos e vivi tais
fenómenos, acompanhando a respectiva evolução em tempo real e à medida em que
saíam os discos que passavam no rádio e se ouviam nas discotecas, acompanhados
pela apresentação das capas nos escaparates e que eram sempre espectaculares, mesmo impressas cá.
O nome de Bob Dylan fazia naturalmente parte desse ambiente
e apesar de o artista ter já publicado a parte mais importante da sua obra, no
final dos sessenta, em 1971 ressurgiu nesse panorama popular devido a alguns
acontecimentos.
O concerto para ajudar uma tragédia humanitária no Bangla
Desh, organizado por George Harrison e amigos, também ocorrera durante o Verão
de 1971, com a participação de Bob Dylan, sendo tal notícia de interesse geral.
Harrison fizera parte dos Beatles que se tinham separado alguns meses antes e
isso tinha sido igualmente notícia. A causa humanitária ajudou ao resto.
O disco do concerto, triplo,
saiu também na mesma altura que aquele single de Bob Dylan e para além
do resto em dose tripla, trazia uma versão espectacular da composição Just
like a woman que nunca mais esqueci e se tornou então a melhor canção pop
de sempre, para mim, durante uns anos .
Nesse tempo Bob Dylan era um mito, maior que hoje e para
quem nasceu em Portugal em meados da década de cinquenta tornando-se
adolescente já nos setenta, a música de Bob Dylan só se tornou interessante quando
este já tinha composto quase toda a sua obra musical importante.
Foi o meu caso e lembro-me de ouvir Dylan em altura incerta desse
tempo, através daquelas publicações discográficas que passavam no rádio da
época, com canções como Mr.
Tambourine Man ou Blowin´in the wind. O single George Jackson apenas
reavivou o interesse em conhecer mais da obra do músico.
Depois disso é que se operou a descoberta de toda a sua obra anterior e tal demorou anos porque os discos que se publicaram antes não eram reeditados como hoje acontece nem havia mercado de usados como hoje existe na internet e em lojas especializadas que permitem com facilidade aceder aos artefactos originais e de época.
Assim é um agradável exercício de memória tentar perceber
como conheci os discos anteriores de Bob Dylan já que da maior parte deles nem
a capa conhecia e quando muito era das impressões a preto e branco, vistas em
publicações ainda muito poupadas nas cores impressas.
A revista Mundo Moderno de 1 de Junho de 1970 referia-se a
Bob Dylan, com uma foto do artista, a propósito de um grande acontecimento da
música popular nesse ano, o festival da Ilha de Wight, cujos ecos chegavam até
cá numa aura mítica que se tentou reproduzir à escala nacional em Vilar de
Mouros, no ano seguinte, precisamente no Verão de 1971.
A revista Mundo da Canção, publicada desde finais de 1969, trazendo muitas letras de canções da música popular, deu atenção a Bob Dylan logo no nº 3 de Fevereiro de 1970, com a letra de Tonight I´ll be staying with you que para mim então pouco ou nada significava embora seja um single publicado em finais de 1969 do disco Nashville Skyline desse mesmo ano e que só ouvi integralmente muito tempo depois, passados vários anos. No número seguinte trazia uma pequena biografia de Bob Dylan que também pouco adiantava para acrescentar interesse.
Em Maio de 1971 a mesma revista publicou a letra de uma das mais importantes canções de Dylan: Like a Rolling Stone, sempre mencionada nos programas de rádio em que se falava do artista, tal com o disco de 1966, Blonde on Blonde, tornado mítico por esta altura, por causa disso.
Em Abril de 1971 comprei o jornal Disco, música e moda cujo primeiro número tinha saído em Fevereiro desse ano e pela grafia do nome do artista, como “Bob Dilan”, escrita na capa do jornal, ainda nem sabia bem como se escrevia.
Em Setembro de 1972 a revista Tintin publicou um desenho que me impressionou deveras por causa do grafismo de um autor que depois conheci, Solé e que tinha um retrato estilizado de Dylan. O desenho original tinha sido publicado na revista francesa Pilote em 27.7.1972, a qual aliás vim a arranjar muitos anos depois.
Assim, tirando um par de canções emblemáticas, praticamente não conhecia a obra de Bob Dylan até 1972. Havia tanto para ouvir nessa época que Bob Dylan era apenas mais um que estava em fila de espera para tal, como se fosse mais um single em juke box carregada deles.
Em 1973 Dylan entrou
num filme de Sam Peckinpah, Pat
Garret and Billy the kid e tal foi ocasião de publicação de um single
extraído da banda sonora, composta pelo músico e que foi um sucesso: Knockin´
on heavens door que passava extensivamente
no rádio já no final desse ano, particularmente no programa Página Um do
Rádio Renascença.
Verdadeiramente só a partir de finais de 1974 comecei a dar atenção e então obsessiva à música de Bob Dylan, por causa de um disco ao vivo que então publicou, Before the Flood, com a participação dos The Band.
Comecei por ver a capa do disco numa publicidade na revista
National Lampoon de Agosto de 1974, também em si espectacular pelo grafismo e
apresentação.
Foi então que todas as músicas emblemáticas do artista se
tornaram mais interessantes porque tocadas num contexto e arranjo diferentes do
baladeiro de outrora.
O disco duplo é excelente e empolgante desde as primeiras
músicas e tem outra vez Just Like a Woman em mais uma versão
memorável.
Tem ainda It ain´t me babe e Like a Rolling Stone, esta tocada e cantada de um modo diferente do original, de 1965, inserida em Highway 61 Revisited e que nunca ouvira até então, tal como nunca ouvira as obras primas musicais do disco do ano seguinte, Blonde on Blonde, talvez o melhor disco de sempre do artista e que também só ouvi integralmente vários anos depois de saber que existia como disco e cuja capa nem fazia ideia como era, antes de ouvir falar do mesmo, no rádio.
O aspecto das capas dos primeiros discos de Bob Dylan, da
década de sessenta só as consegui ver pela primeira vez em Março de 1976, em fotos
miniaturizadas na revista Rock & Folk e foi um deslumbramento, mesmo a
preto e branco, tendo passado tempo a tentar descobrir que disco era o
correspondente a cada imagem, nem sempre evidente.
Blonde on Blonde, sem nomes na capa e foto desfocada era um mistério e a cores e ao vivo só a vi muitos anos depois, mas com uma pequena vingança: arranjei a edição original americana, a que traz a foto de Claudia Cardinali no interior da capa dupla e com gravação em mono, para mim a melhor de todas as versões, mesmo incluindo a edição cuidada de 2013, em disco triplo da MFSL (OMR), que se tocam em 45 rpm em vez das habituais 33 e também a versão sacd de 2003, para além da edição Columbia Master Sound em cd super bit mapping.
Por causa da carga mítica de tal disco, por muitos então
considerado um dos expoentes máximos da música pop, coleccionei vários
exemplares em formatos diversos. A primeira vez que consegui um exemplar do
duplo LP, um dos primeiros a serem publicados em tal dose (o primeiro é o de
Frank Zappa e os Mothers, Freak Out, também de 1966) foi já em meados
dos anos oitenta, em edição espanhola sofrível mas que dava para ouvir Just like a woman e o tema Sad
Eyed Lady of the Lowlands a ocupar um lado inteiro do disco e que de vez em
quando passava no rádio, em programas escolhidos e apresentados por gente que se
especializara nessa temática da música popular que divulgava com assiduidade,
como um certo João Filipe Barbosa ou Fernando Balsinha ou mesmo Jaime
Fernandes, estes já falecidos.
Assim, desde finais de 1974 e até finais de 1978 a música e
o artista Bob Dylan tornaram-se alvo de redobrada atenção e interesse,
coligindo tudo o que encontrava na época sobre o assunto que aliás era esparso
e relativamente raro de encontrar.
Então não havia como hoje a diversidade de fontes e
iconografia disponível em jornais, revistas e livros com o acrescento da
internet. Sempre que aparecia uma reportagem fotográfica ou um artigo
interessante sobre o artista comprava e guardava.
Em Setembro de 1973, na sequência do filme, apareceu nos quiosques a revista Rock
& Folk que tinha esta capa com uma imagem tirada daquele filme de Sam
Peckinpah e que se destacava das demais revistas a bambolear no cordel das
lojas, com molas de madeira a segurar. Memorável, tal imagem.
A revista francesa era das que dava maior atenção ao artista embora desde 1966 a 1973 lhe tenha apenas consagrado quatro capas (uma em 1968, duas em 1969 para falarem de Nashville Skyline em comparação com discos anteriores e sobre o espectáculo na ilha de Wight, com várias fotos a preto e branco da prestação artística e a crítica a ter ficado apenas uma hora no palco) e outra em 1973 por causa do filme. Depois disso só em 1978 numa capa desenhada a imitar a capa da Rolling Stone desse ano e em 1981. Só na década seguinte, em 1990, Dylan foi capa da revista outra vez.
A Rolling Stone ainda foi mais poupada nas capas. Uma em 1969, com a primeira entrevista de fundo; outra em 1971; depois, em 1974 duas quase seguidas e a propósito da tournée que deu o disco Before the Flood, com os The Band; outra em 1976 a meias com Joan Baez a propósito da tournée Rolling Thunder Revue desse ano e depois a que me chamou mais a atenção, no início de 1978 e cujo número não chegou a Portugal a tempo de o ver, com a primeira parte da grande entrevista de Jonathan Cott ao artista cuja segunda parte foi publicada no final desse ano e com capa dedicada, numa altura em que o meu interesse por Bob Dylan começava a esmorecer rapidamente. Só em 1984 a revista lhe voltou a dar a capa e outra entrevista. Na década seguinte, em Junho de 1997 a capa era dedicada ao filho, Jakob Dylan.
Não obstante foi durante os anos 74-78 que tal interesse se incrementou, muito por causa da míngua de informação disponível sobre o artista, na altura.
Em 18 de Fevereiro de 1975 pelas 7 e meia da tarde, o programa Página Um, da Rádio Renascença passou pela primeira vez o disco de Dylan desse ano, Blood on the Tracks, julgo que a faixa Idiot Wind que nem era a melhor do disco mas que assumiu logo a importância de acontecimento maior e que ao longo das semanas seguintes foi um disco assíduo no programa.
Na edição desse mês da Rock & Folk que costumava chegar
cá logo no início do mês, já teria visto a capa e por isso apontei lá que os
temas que mais me impressionavam eram If you see her say hello que
desmente aquele poema algo machista e Lily Rosemary and the Jack of Hearts,
com toada country.
No final do ano de 1975 a Rock&Folk mostrava outro disco, duplo de Bob Dylan, chamado The Basement Tapes e que era uma recolha de gravações antigas, de 1967 com os The Band em condições menos profissionais que o habitual, numa cave transformada em estúdio, com um gravador de bobines, um Revox segundo então se escrevia mas que posteriormente, em 2014, com a publicação de todas as gravações originais se verifica ser um pouco mais profissional do que se dizia.
Tais gravações tinham sido guardadas e algumas ficaram parte
de discos pirata do artista, como o célebre Great White Wonder, celebrado
no rádio nos tais programas de especialistas da música popular que por vezes
passavam à noite, com Fernando Balsinha e outros Jorge Lopes. A Crawdaddy de Maio de 1976 contava a história dos "piratas".
Em 1975 foi dado a conhecer o disco Desire e que aliás me deixou muito a desejar relativamente a Blood on the tracks, o que constituiu uma primeira desilusão relativamente ao artista, principalmente por causa do uso intensivo de um violino à moda cigana e tocado por uma tal Scarlett Rivera.
No final de 1975 comecei a comprar a revista Rolling Stone e
logo no primeiro número aparecia um artigo sobre Bob Dylan com uma imagem
fantástica de um palco da editora Columbia, com o músico lá ao fundo
acompanhado por outros, incluindo a tal Scarlett, de branco vestida.
Um ano depois, no Verão de 1976 podia ouvir o disco Blood on the tracks integralmente em casa de um amigo que o trouxera de França, na versão local, tornando-se um dos discos que mais escutados dessa altura, a par do Abraxas de Santana e Kimono my House dos Sparks.
Foi esse certamente o disco que mais apreciei de Bob Dylan
na época, ainda sem conhecer as obras primas dos anos sessenta, como Another
Side of Bob Dylan, Highway 61 Revisited, Bringing it all back home,
Blonde on Blonde e Nashville Skyline, para mim os discos mais
representativos do artista, depois de os ter ouvido nas versões originais,
muitos anos depois de saírem.
Em Março de 1976 a Rock & Folk mostrava-os quase todos,
nas capas a preto e branco, o que me entusiasmava a conhecê-los, mas sem poder
uma vez que estavam esgotados e não passavam no rádio, normalmente. Apenas uma
vez ou outra sons esparsos de Blonde on Blonde e pouco mais. Nesse mesmo
mês a revista Crawdaddy mostrava algumas fotos de Dylan, com os The Band e a
referência à Rolling Thunder Revue cujos
ecos apenas chegavam cá por escritos como esse.
Com a memória de Before the Flood ainda muito fresca, em finais de 1976 foi publicado Hard Rain, um disco também ao vivo mas já definitivamente diferente daquele, sendo essa mais uma das desilusões que aliás se repetiram posteriormente, sem remédio. A revista Rock&Folk de Novembro de 1976 fazia eco também de uma desilusão a propósito de tal disco.
A voz de Dylan não era a mesma, os instrumentos e modo de tocar não eram do género do outro disco ao vivo e foi essa a primeira vez que senti que Dylan era um mito que passara á história.
Porém, a ausência de informação ou imagens do artista
continuavam a alimentar parte de tal mito que durante o ano de 1977 e 1978 se
tornou ainda relevante.
No final de 1976 Dylan participou noutro evento de grande
relevo: o concerto de despedida dos The Band, a que chamaram The Last Waltz,
aliás filmado por Scorcese e em que participaram artistas como Eric Clapton e
Neil Young.
O filme de tal concerto passou depois nas salas, incluindo por cá, em 1978, tal como o disco do evento, um triplo que escutei então com algum interesse, mais por causa de Neil Young do que Bob Dylan.
No início de 1978, através da Rock & Folk soube que Bob
Dylan dera uma entrevista à Rolling Stone, orientada pelo intelectual da
revista, Jonathan Cott e procurei afanosamente a revista que entretanto tinha
desaparecido da distribuição nos quiosques, desde o Verão de 1977 e só voltou a
aparecer no Verão de 1978.
Perdi tal número e a entrevista, essa cheguei a lê-la, na primeira parte (a segunda só foi publicada no final desse ano) na edição de 1 de Abril de 1978 da revista
Música& Som que tinha então o exclusivo da publicação de artigos da revista
americana.
A capa desse número vi-a pela primeira vez numa vinheta do encarte de publicidade que a revista trazia em números posteriores, aliás com imagens de outros números que me tinham escapado e gostei da foto da autoria de Annie Leibowitz:
Em Julho de 1978 a Rock & Folk copiou a capa em desenho de Jean Solé e que já conhecia daquela vinheta:
Só muito tempo depois consegui a imagem original de tal capa que se tinha tornado mítica:
A entrevista tal como publicada originalmente:
A crítica de Greil Marcus tinha aparecido em 24 de Agosto de 1978:
Gostei, apesar disso, da publicidade ao disco, em Julho:
Em 22 de Abril de 1978 o jornal New Musical Express também publicou uma entrevista com Dylan mas não era a mesma coisa que aquela da Rolling Stone, o que me deixou algo frustrado.
Durante o ano de 1978 Dylan publicou o disco Street Legal de que procurei gostar mais do que me encantar novamente como da primeira vez, com Before the Flood e Blood on the tracks, mas a magia tinha desaparecido. Para sempre.
Apesar disso Street Legal ainda se ouve bem e de
qualquer modo melhor que Desire, tal como o seguinte de 1979, Slow
Train Coming, com a colaboração extensa dos Dire Straits, particularmente
Mark Knopfler.
A partir daí nunca mais comprei discos novos de Bob Dylan em vinil (com a excepção do disco com a versão original de Blood on the tracks que tem uma capa muito inferior à do LP publicado em 1974) e
só aproveitei para conhecer todos os antigos, o que aliás me ocupou durante
anos a fio, a procurar as versões originais de prensagem americana e também as
versões em colectâneas que entretanto foi publicando na série Bootleg, com
bastantes inéditos e na caixa Biograph publicada em 1985 e uma das primeiras a recolher músicas nesse formato, no caso em três cd´s e mais tarde cinco LP´s.
Finalmente em 2004 vi Bob Dylan no concerto em Vilar de Mouros, outra desilusão embora esperada porque a voz do artista se perdera muitos anos antes e só o grupo de músicos que o acompanhou valeu a pena ouvir. Quanto a Dylan, escondera-se com um chapéu, atrás dos teclados que fazia menção de tocar e sem luz directa. Só no final apareceu à boca do palco a agradecer o obséquio aos milhares de presentes na audiência que ali tinham ido também para o verem.
Ao longo dos anos fui coleccionando coisas que me pareceram interessantes sobre Bob Dylan.
Livros e revistas:
E discos em formato cd:
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