Lembro-me de começar a dar alguma atenção à música de Jethro
Tull aí pelo ano de 1973 ou 74, altura em que o grupo publicou o lp War Child.
Não porque esse disco fosse especialmente preferido mas
porque permitiu descobrir músicas anteriores, de discos passados e de que tinha
ouvido alguns temas, como Life is a long song
ou Bourrée e provavelmente a versão curta de Thick as a brick.
Jethro Tull era assim, para mim e nessa altura, um grupo de
culto com uma imagem que ultrapassava a de outros grupos mais pesados na música
rock. Tal se devia às poucas fotos que tinha visto do grupo, todas com indivíduos
de cabelos mais que hippies e roupas a condizer com a moda desse tempo.
O grupo era conhecido em Portugal e o programa Em Órbita,
muito popular entre quem se interessava por este género de música na época, em
finais de 1970 apresentava o tema With you there to help me, do LP Benefit, como uma das 15 melhores canções desse ano (
em número 9, sendo a primeira Bridge over troubled water de Simon&Garfunkel
e a última Nothing that i din´t know dos Procol Harum) .
Em Março de 1971 o grupo era capa da revista Mundo da Canção
e em 1 de Outubro desse mesmo ano fazia a primeira página do jornal Disco,
música & moda, com uma entrevista de Grover Lewis, da Rolling Stone, embora
na época tal não viesse sequer mencionado porque a bem dizer o artigo era uma
súmula do original, publicado em 22 de Julho desse ano na revista americana de
São Francisco. Provavelmente para fugir ao pagamento de direitos uma vez que
não aparece qualquer menção da origem, a não ser o nome do autor, nem se refere
qualquer acordo de colaboração com a Rolling Stone, ao contrário do que
acontecia com o Melody Maker, New Musical Express e Disc and music echo,
ingleses.
O jornal Disco, música & moda, então no seu 17 número,
quinzenal, era propriedade de Jorge Beckman, dirigido por A. de Carvalho e
editado por Eduardo Teixeira e era na época e a par do Mundo da Canção, a referência
para quem queria saber algo da música que passava em alguns programas de rádio
e não lia as publicações originais, como a Rolling Stone, Crawdaddy, aqueles
jornais e outras Rock&Folk.
A súmula que aparece no jornal é tradução do original em
estilo Reader´s Digeste, condensado e merece a pena uma comparação entre ambos…tanto
mais que o autor Grover Lewis foi um dos expoentes da nova escrita americana
que despontava em revistas como a Rolling Stone ou a Esquire.
E a súmula do Disco, música & moda de 1 de Outubro de 1971, com chamada na capa e sem identificação da origem:
Em finais de 1975 apareceu o disco Minstrel in the Gallery e o rádio passava então, em certos programas, os lp´s completos. Foi o caso e lembro-me de começar a apreciar esse disco ao mesmo tempo que ouvia outros, também passados no rádio, geralmente à noite em programas como Boa Noite em FM, Banda Sonora ou Espaço 3p ou mesmo o dois pontos de Jaime Fernandes.
Foi assim que os lps Stand Up. Living in the past, Thick as a brick ou Aqualung e mesmo A Passion Play, passaram a ser muito lá da minha casa sonora.
Ao ouvir A Passion Play edit#8 anotei "any date"...mas skating away ficou bem escrito e inscrito no ouvido.
Houve um, porém, que não me lembro de ter ouvido nessa altura: o primeiro. This Was, de 1968. E no entanto é dos mais interessantes em termos sonoros.
A primeira prensagem da Island é esta:
Em 1976 a descoberta dessa música dos Jethro Tull continuou e nesse ano foi publicado o disco Too old to rock n roll too young to die que foi o último que verdadeiramente apreciei do grupo e cujas músicas já tinha ouvido antes de ver o disco com capa publicada na Rock&Folk de Junho de 1976.
Muitos anos depois disso vieram os discos, todos originais, de primeira prensagem inglesa, de preferência. E ultimamente o que mais gosto de ouvir é Benefit e a canção Inside. O disco começa com With you there to help me, que foi a escolha nº 9 do Em Órbita no final do ano de 1970. La boucle est bouclée.
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