Dessas centenas de canções terei ouvido meia dúzia, reconhecíveis, até meados dos anos setenta e quase todas de dois lp´s, Overnite Sensation e Apostrophe, seguido depois de One size fits all, de 1975. Com a saída de Zoot Allures em 1976 e Studio Tan em finais de 1978, o leque alargou-se um pouco mais, eventualmente para o dobro e ainda assim os discos seguintes,, Sheik Yerbouti e Joe´s garage, de 1979 acrescentaram pouco mais.
Foi apenas na primeira metade dos anos noventa, com o lançamento dos cd´s pela Rykodisc, rematrizados pelo próprio Zappa e cujas matrizes também tinham servido para o lançamento das caixas de recolha da discografia publicada de Zappa, intituladas The Old Masters, Box nº 1 , 2 e 3, publicadas entre 1985 e 87 ( que me lembro de ver numa discoteca do Apollo 70 em Lisboa), que passei a ouvir as outras músicas de Zappa, mais antigas e ao mesmo tempo as versões alternativas e ao vivo de canções já publicadas noutros discos.
Ainda assim, os primeiros discos de Zappa, publicados entre 1967 e 1972, nas etiquetas Verve e Bizarre/Reprise, não os ouvi senão muito mais tarde, em cd e nem todos. Até há pouco tempo desconhecia integralmente os discos Uncle Meat ( Bizarre/Reprise, de 1969); Lumpy Gravy ( Verve, de 1968); Burnt Weeny Sandwitch ( Bizarre/Reprise, de 1970); Hot Rats ( Bizarre/Reprise, de 1969); Justa another band from LA ( Bizarre/Reprise, de 1972); The Grand Wazoo ( Bizarre/ Reprise, de 1972); Bongo Fury ( Discreet, de 1975); Tinseltown Rebellion ( Barking Pumpkin, de 1981); Orchestral Favourites ( Discreet, de 1979) Francesco Zappa ( Barking Pumpkin, de 1984); Frank Zappa meets the mothers of prevention ( Barking Pumpkin de 1985); Jazz from Hell ( Barking Pumpkin, de 1986); Zappa London Symphony Orchestra ( Barking Pumpkin, 1987); Broadway the hard way ( Barking Pumpkin, 1988) para além de outros que saíram em cd.
Os três primeiros- Freak out, Absolutly Free e We´re only in it for the money- só os ouvi em cd e incluidos numa caixa de recolha, tendo na altura prestado pouca atenção, considerando-os pouco mais que um documento histórico. Recentemente ouvi todos esses discos em vinil e na versão original dos lp´s em prensagem americana. Fantásticos, todos os discos é o que se pode dizer. Passei já meses a ouvir repetidamente e nunca me canso de ouvir, principalmente esses primeiros lp´s, particularmente Absolutely Free, de 1967 e We´re only in it for the money, de 1968 e que reproduz ao contrário o estilo da capa de Sergeant Pepper´s dos Beatles, do ano anterior.
Nos anos noventa, aquando da saída dos cd´s da Ryko disc comprei uma colectânea chamada Läther, publicada originalmente em três cd´s em 1996. Na época ouvi algumas vezes, poucas e fixei um ou outro tema, sem repetição. Ao ler as notas de capa do cd, num pequeno livreto tomei atenção à história da colectânea: originalmente gravados para lançamento como album quádruplo em 1977, era tido como o Great Lost Frank Zappa album, à semelhança de um Smile dos Beach Boys.
Há uns meses, dei mais atenção à audição dos discos e foi como que uma pequena revelação, o que ouvia. Para além da repetição de temas conhecidos, como o fantástico Greggery Peccary, publicado originalmente no disco Studio Tan ( saído sem autorização expressa de Zappa, por causa do conflito com a Warner Brothers que durou vários anos) é um dos temas-chave da genialidade de Zappa.
Posso contabilizar já dezenas e dezenas de audições desse tema que dura mais de vinte minutos de pequenas maravilhas sonoras e que me surpreende sempre que o ouço, com pequenos apontamentos musicais.
Daí à exploração dos restantes temas de Läther e à comparação com as versões originais ou publicadas depois em modo disperso por vários lp´s- Sleep Dirt, Joe´s Garage act II & III; Tinsel Town Rebellion, Studio Tan e Zappa in New York e Orchestral Favourites, ou até Sheik Yerbouti- foi o tempo de arranjar os lp´s originais.
A repetição de temas em vários lp´s bem como a colagem de sonoridades obtidas por xenocronia, ou seja, por junção de partes de temas do vivo, geralmente solos de guitarra a temas de estúdio, provocou a curiosidade em saber o que era o quê na obra de Zappa e assim se passaram meses a ouvir tudo o que foi possível ouvir até hoje, em repetição e com bastante tempo para perceber o essencial da música de Zappa: genial e única.
Em 2012 a colectânea Läther foi reeditada pela família de Zappa e retomada a intenção original do músico bem como as gravações de origem para esse disco quádruplo frustrado e que apenas saiu em formato de lp no Japão eventualmente em gravação apócrifa.
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