Moebius, ( Jean Giraud) o artista francês de Banda desenhada que por aqui tenho mencionado muitas vezes, morreu em meados de Março deste ano.
As revistas francesas da especialidade dedicaram números especiais ao artista, destacando-se este artigo de Philippe Manoeuvre, na revista dBD nº 63 de Maio deste ano.
Manouvre que então era redactor na revista Rock & Folk recorda os tempos de meados da década de setenta, tempo da criação da revista Métal Hurlant. As duas publicavam desenhos dessa banda desenhada que em França nunca esmoreceu ao longo dos anos porque tem um público fiel que não consome apenas Astérix ou Tintin.
As pequenas histórias que Manoeuvre conta são alusões a coisas que então também vivi. A descoberta da Déviation, desenhada a preto e branco na revista Pilote que descobri em 1974. O aparecimento da Métal Hurlant anunciado em primeira mão na Rock & Folk e cujas capas aí vi antes de arranjar o primeiro número no Verão de 1976 ( o nº 7). As imagens posteriores da Garage Hérmetique,já nos anos oitenta, particularmente a menção ao desenho que figurava Patti Smith como Major Grubert e que teve um efeito de esfuziante curiosidade e fascínio sobre a técnica elaborada do desenho a traço fino e pontos entrecruzados que Moebius praticava de vez em quando com uma mestria e talento assinaláveis.
A menção a Fellini que terá ido visitar o artista, com um desenho para autografar e que terá regressado sem autógrafo mas prefaciou depois um dos álbuns ( o célebre 30x30 que tanto cobicei na altura e agora é demasiado caro) etc. etc.
Para além destas memórias em tempo real, Manoeuvre escreve como ninguém, com uma categoria que me parece a perfeição escrita no estilo.
Não é a primeira vez que cito um escrito de Manoeuvre para o colocar nos píncaros da escritura deste tipo. Já o fiz com uma crítica que publicou em 1980, precisamente na Rock & Folk, sobre o disco Gaucho dos Steely Dan e que me dava um gozo danado ler.
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