Em 1969, o grupo publicou três LP´s: Bayou Country, em Janeiro; Green River , em Agosto e Willy and the Poor Boys,
Os CCR foram o primeiro grupo que gostei incondicionalmente, pela música, exclusivamente, tirando à parte as figuras vagamente estranhas dos músicos, com cabelos mesmo compridos, barbas e bigodes, à semelhança de outros indivíduos de um grupo inglês chamado Jethro Tull e dos quais nada conhecia senão a imagem em fotografias a preto e branco, nos jornais e que davam a impressão de serem mais uns hippies sem importância. Os Jethro Tull de Ian Anderson! Um dos grupos que mais marcou o gosto nos anos setenta!
Em
O grupo era liderado pelo fundador John Fogerty, nascido em 1945 que além de compor quase todas as canções, produzir e arranjar as músicas, tocava guitarra solo e cantava como poucos na música rock. A voz, só por si, era um documento da vocalização rock.
A música dos CCR, em si, é um expoente do rock n roll, e nas palavras de Greil Marcus, nas notas do disco Chronicle, best of publicado em 1976, há pelo menos quatro canções nesse disco que literalmente o definem como uma forma musical e uma versão do espírito americano: “Proud Mary”; “Green River”, “Fortunate son” e “Up around the Band”. Cá por mim,, talvez se acrescentassem mais algumas: “Bad moon rising” de Green River; “Down on the corner” de Willy and the poor boys”; “Looking out my Back Door”, “Who´ll stop the rain” e “Long as I can see the light”, de Cosmo´s Factory; “Have you ever seen the rain”, um grande êxito e ao mesmo tempo uma canção que atravessou os anos como um clássico da música pop e que faz parte do disco Pendulum de Dezembro de 1970 que também continha Hey Tonight e Hideaway.
Have you ever seen the rain é uma daquelas canções que marcaram indelevelmente o gosto pela música pop. O tema é anódino: fala de chuva a cair num dia de sol, e metaforicamente de alguma coisa que pode correr mal quando tudo parece estar bem. Toca-se no tal ritmo médio e a variação sublinhada pela secção rítmica, de batida certa, sendo quase acústica e com um fio de órgão que acompanha a voz única de John Fogerty. É definitivamente uma canção de rara felicidade musical e está certamente entre as dez mais de toda a música pop, para mim..
Segundo John Fogerty, na entrevista já citada, um disco de rock n roll, feito como deve ser, deveria conter o seguinte: 1º, um bom título; 2º, um bom som ;3º ter pelo menos uma grande canção, que seja válida por si e possa ser cantada independentemente do disco; por último, um grande disco de rock n roll deve conter uma parte de guitarra original e apelativa e dá como exemplos, o início de Bad moon rising, Up around the bend e Born on the bayou, que contém acordes que encaixam nessa definição. É um som simples de tocar e soa bem numa pequena aparelhagem. Não é preciso uma grande sistema de alta fidelidade para apreciar toda a beleza da coisa. É essa a filosofia da música dos CCR, tal como definida pelo próprio génio do grupo que depois de um extenso interregno desde 72, altura em que o grupo se desfez até 1987, nunca mais tocou em público as canções antigas e que em 1973 publicou Blue Ridge Rangers; em 1975 o primeiro a solo, com o próprio nome em título e em 1985 Centerfield, a solo, seguido por último de The eye of the zombie.
Não obstante o facto de logo no início serem um grupo de sucesso, com a canção Suzie Q, na mesma altura, saía o Lp Music from Big Pink dos The Band que fizeram a capa da Time.
Na entrevista à Rolling Stone., John Fogerty dizia ter sentido alguma inveja desse grupo, devido principalmente à atenção que os mesmos mereciam por serem de Nova York ou Woodstock, ou Big Pink ou Bob Dylan, ou fosse o que fosse, apesar de sentir igualmente que os mesmos tinham boa música.
A propósito da música dos CCR, as influências mais notórias radicam no rock n roll dos anos 50-60 e na música de Elvis Presley, Carl Perkins, Johnny Cash ou Jerry Lee Lewis. Por isso, o disco Green River, além do baixo eléctrico de Stu Cook, apresenta ainda em simultâneo um baixo acústico; a voz tem um ligeiro eco e a guitarra eléctrica e rítmica de Tom Fogerty, é ainda dobrada por uma guitarra acústica , tudo gravado em 16 pistas, uma inovação tecnológica para a época.
Em 1972, o grupo desfez-se por desinteligências entre os membros, particularmente devido ao facto de ser o grupo de um homem só e que impôs aos restantes membros a sua receita para o sucesso. Nessa altura, o score ia em oito singles e oito albuns de ouro, consecutivos .
E em Portugal, como é que o grupo era visto?
Na revista Mundo da Canção de Dezembro de 1970, o crítico Tito Lívio, escrevia “ CCR no limiar possível da comercialidade” , parafraseando a Rolling Stone que então já dedicara um número ao grupo (Fevereiro de 1970) e definia a música do grupo como sendo um “rock simples, num retorno às fontes primitivas da pop, música colorida, sem problemas, jogando com o factor importante de uma voz poderosa extraordinariamente realçada. A construção das suas músicas obedece sempre ao mesmo princípio de efeitos antecipadamente garantidos: uma introdução de guitarra heavy, um trabalho vocal vigoroso, um improviso de guitarra e de novo uma parte vocal a finalizar.”
Era assim, a crítica musical nessa época. A acompanhar o texto, vinha uma fotografia a preto e branco dos membros do grupo sentados na relva, onde se destacavam as calças de ganga e as botas de cowboy, e que conferia uma imagem de marca que influenciava o gosto de quem começava a reparar nessas coisas. A foto podia ser esta:
Imagens: livreto que acompanha o disco Chronicles-the 20 greatest hits, de 1995 ( disco original de 1976).
1 comentário:
Olá José,
Gostei tanto deste seu post sobre os CCR.
Ouvi o tema que está entre os seus 10 preferidos da pop de sempre.
Também gostei muito.
Aproveitei para conhecer e rever outras músicas deles.
Fiquei encantada.
Pena que a qualidade dos vídeos que localizei não seja muita.
Ainda assim vou deixar um tema deles no meu Maria especialmente para si.
Espero que também goste deste, ainda que menos que o acima referido.
Escolhi este porque adoro espreitar portas , em particular se forem de lojas de esquina.
Um beijinho.
Maria
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