quinta-feira, 22 de maio de 2008

Led Zeppelin


A música de Led Zeppelin, no início dos anos setenta, tornou-se uma espécie de quintessência do rock, com temas como Whole lotta love e Immigrant song, do segundo e terceiro discos e Black Dog do quarto que contém ainda a obra prima Stairway to heaven, uma das canções referência da música rock, nas diversas listas organizadas para o efeito, a par de Layla de Eric Clapton, ou Bohemian Raphsody, dos Queen.

Em 1973, depois de conhecidos pelo ar de rock pesado que os caracterizava, os Led Zeppelin, começaram a passar no rádio, com uma música introduzida em tonalidade acústica e de bom tom. A voz de Robert Plant, juntava-se à guitarra acústica e mandolim, numa composição melódica e de single com boa saída nas vendas. Após a introdução de minuto e meio, surge uma das secções rítmicas mais pesadas do rock, com o baixo de John Paul Jones e a bateria de John Bonham a que só uma boa aparelhagem sonora fazem justiça redonda e profunda.

Ao longo de toda a canção, o som acústico, mistura-se com o mais electrizante deslize da guitarra Gibson Les Paul, de Jimmy Page, até que após uns segundos de coda, no final dos quatro minutos de duração, ouve-se o murmúrio eléctrico final do single, que saiu no mesmo ano que Angie dos Rolling Stones, este, também uma surpresa no estilo habitual do conjunto.

O disco Houses of the Holy, dos Led Zeppelin, de 1973, contém clássicos da música pesada, mas é esse single de leveza segura que os tornou apetecíveis de ouvir, para mim, nesse ano.

Assim, foi com expectativa contida que nos primeiros meses de 1975, surgiram nas ondas de rádio do Página Um, os primeiros acordes, em arabesco dissonante, de Kashmir, do disco Physical Graffiti, entretanto publicado.

Como habitualmente, precedendo a audição, havia a leitura atenta, das críticas ao disco, surgidas na imprensa do género.

Em 7 de Dezembro de 1974, o New Musical Express, publicava um artigo de página inteira, assinado por Nick Kent, no qual o crítico anunciava o interesse de Page em A. Crowley e elaborava um pouco sobre a sede de oculto do guitarrista.

Noutras duas páginas, o mesmo crítico, descorticava o disco Physical Graffiti, faixa a faixa, dando a conhecer a opinião da crítica inglesa da especialidade, sobre o novo magmum opus, em dose dupla, dos Zeppelin. In the light, era a “pièce de resistence” do disco, acompanhada do prato principal Kashmir.

No mês de Fevereiro, a francesa Rock & Folk, transcrevia o artigo crítico do NME e no mês de Abril, Phillipe Manoeuvre ( actual director da revista), fazia ele mesmo a crítica ao disco, em tom de ditirambo habitual, mas desta vez, contextualizado na menção pessoal ao crítico do NME: “ A hora da vingança chegou. Já temos o nosso Led Zeppelin debaixo do braço e Nick Kent passa por imbecil. Então, fazem as pesoas esperar dois anos para isto?”

Duas críticas em paralelo, com relevo para a diferença estilística e de vulto superior no NME e, neste caso, a irrisão da Rock & Folk, na pena de Manoeuvre, um crítico semiótico de leitura divertida e fugido a intelectualidades sociológicas, com ênfase na escrita saltitante da apreciação totalmente subjectiva.

Seja como for, essas duas críticas, lidas na mesma altura, não suplantavam a escuta demorada dos temas do disco que foi um dos mais inportantes de 1975 e cuja capa, recortada em janelinhas, deixava adivinhar uma série de figurinhas, à medida que se deslizava a capa interior do disco. Um efeito estético, já experimentado no terceiro Lp, cujo capa caleidoscópica, rodava sobre si mesma, para mostrar as ilustrações escondidas.

















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