quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Hot Tuna

Nas últimas semanas ouvi vezes sem conta o disco Quah, de Jorma Kaukonen e Tom Hobson. O disco, em LP, é de finais de 1974 e é uma pequena maravilha que congrega vários géneros musicais, em que o antigo membro dos Jefferson Airplane se excede musicalmente. Jorma Kaukonen, depois de sair dos Jefferson formou o grupo Hot Tuna em parceria com Jack Casady, um baixista que mostra o que vale no disco Burgers, considerado pela revista Rock & Folk, em 1976, como um dos marcos do country rock.
Entre as melhores composições do disco que comprei nos anos oitenta, numa reedição da Relix Records, numa discoteca do "drugstore" Apolo 70, em Lisboa, conta-se por exemplo Genesis, abaixo mostrado numa gravação de época do you tube.
O disco Burgers, esse veio de França, também no início dos anos oitenta, por encomenda que incluía os New Order ou os primeiros Pat Metheny. Ou os Little Feat. Ou Doc Watson. Ou ainda outros.

A minha descoberta da música dos Hot Tuna, provavelmente virá de meados das década de setenta. Lembro-me perfeitamente do radialista António Sérgio, já falecido, anunciar no rádio, o disco ao vivo, Double Dose, em 1978-79, em plena explosão do punk/new wave. Lembro-me inclusivamente da voz do radialista a apresentar o disco, com a introdução do primeiro tema, Winin boy blues e a explicação de que os Hot Tuna costumavam aquecer o ambiente dos concertos com uma primeira parte acústica.
Esse disco, além disso, a par do Irish Tour´74 de Rory Gallagher é dos melhores ao vivo que conheço.
O disco Quah, nessa altura, ( 1974) não era escutado porque não apareceu por cá e não passou no rádio, com certeza, a não ser posteriormente. O mesmo acontecia com composições como Third Week in Chelsea que lia na Rock & Folk como maravilhas do autor e não conhecia, porque não tinha acesso aos discos dos Jefferson Airplane.
Estes discos do rock californiano eram raros por cá, segundo penso, uma vez que apenas passavam no rádio quando algum curioso voluntarista como João Filipe Barbosa ou um João Afonso, o levavam para certos programas em que se anunciava a passagem das raridades, em alturas especiais. Eram programas de rádio que esperava sempre ouvir e descobri assim os Grateful Dead, por exemplo. E outros, como os Little Feat.
Já não recordo as circunstâncias precisas em que o ouvi a primeira vez, mas no início da década de oitenta era um disco que ouvia em cassete gravada do rádio e que então me parecia uma perfeita maravilha acústica. Até hoje, é um dos meus discos preferidos. Nas viagens que em meados da década de oitenta fazia para trabalhar, levava nos ouvidos a música de Quah. Muitas vezes. Tantas que o disco me recorda esse tempo .





3 comentários:

Dr. Bell Otus disse...

Olha que engraçado, tenho a edição do Quah, em Picture Disc, exactamente com essa capa.

Também tenho o Budgers dos Hot Tuna, em edição igual a essa, com dois discos (penso que é edição Francesa).

Obrigado por partilhar e por contar essas "histórias" sobre as rádios, tão interessantes, e que de uma ou de outra maneira, penso que todos passámos e que nos influenciaram muito na aprendizagem musical que não havia nas discotecas (ouvia muito o Dois Pontos, que se bem me lembro, era das 11h às 13h, e o Gong, que era das 15h ás 18h).

josé disse...

A edição do Burgers é mesmo francesa e tem dois discos, um deles anterior.

Sobre o rádio ( que para mim é masculino como os brasileiros dizem) gosto sempre de me lembrar dessas coisas que são as memórias mais "sweet" que posso ter na música.

MARIA disse...

Uma rara maravilha, realmente.
Muito obrigado por a divulgar, por esta partilha.



Um beijinho